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Vol 30 No 2 (2025): Revista Verinotio [1981-061X]

"Quando alguém ajeita os pressupostos de maneira que já contenham as conclusões a serem tiradas, não é preciso ter mais habilidade do que tem qualquer charlatão para puxar de dentro do saco o resultado preparado de antemão e fincar o pé na lógica inabalável que o gerou."

Engels, Sobre a Questão da Moradia, p. 50

 Em um tempo em que posições favoráveis ou contra ao pensamento científico ocupam o cenário dos debates políticos e ideológicos, nada mais oportuno do que tecer alguns comentários sobre os desdobramentos que assistimos em nossos dias em torno do tema – particularmente em terra brasilis. De um lado, testemunhamos o completo desprezo ou ainda, a cabal negação da ciência, e, de outro, embora afirmando sua necessidade, não são raros os casos de negligência com os padrões mínimos de rigor científico. Tornou-se lugar comum, no intuito de conferir às ideias políticas o semblante de rigor, ilustrar todo o discurso com argumentos que simulam demonstrações científicas, muito embora não passem de um jogo manipulatório de seleção de dados ardilosamente recolhidos, que nada mais fazem do que subordinar aspectos da realidade às ideias prévias a serem defendidas. Nesse caso, a simulação científica cumpre apenas a função de persuasão. Cumprida a função de convencimento, é rapidamente descartada, e substituída por outra do mesmo calibre, sobretudo se a “narrativa” optar por outro tipo de assunto ou estratagema a defender ou atacar. É a forma pela qual se atualiza o tão conhecido dito de Fichte: “se a teoria entra em conflito com os fatos, tanto pior para a fatos”.

Published: 2025-12-15

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