Verinotio - Revista on-line de Filosofia e Ciências Humanas. ISSN 1981-061X. ano XV. jan./jun. 2020. v. 26. n. 1
Elisabeth Soares da Rocha
Ronaldo Rosas Reis
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a relação entre Cultura de elite e a dominação da cultura ocidental
está no fato de terem transformado os fluxos culturais em “mão
única”, de onde projetam para as demais partes do mundo através
dos meios de comunicação (jornais, rádios, televisões, filmes, livros,
discos, vídeos), imagens, palavras, valores morais, normas jurídicas
e códigos políticos que informam aos seus receptores os seus desejos
e necessidades, as formas de comportamento, as mentalidades, os
sistemas de educação que devem ter, porém asfixiando toda
criatividade dos receptores passivos de tais mensagens
(LATOUCHE, 1996, p. 16).
Segundo Reis, os meios de comunicação cuja veiculação realiza-se “pela
extensa cadeia midiática, incluindo meios impressos, TV, rádio, cinema e,
principalmente, a Internet com suas redes sociais” (2015, p. 14), mediante suas
intensas campanhas publicitárias, tem sido responsáveis pela sedução da
população trabalhadora na busca de realização de seus anseios ao ponto de
gestos simples como o ato de cozinhar entre família e amigos sejam
transformados em refeições “não mais para serem simplesmente sentidos pelo
paladar, mas, tão somente para comercializarem uma extraordinária
quantidade de produtos, restaurantes e serviços de profissionais da cozinha”
(REIS, 2015, p. 14). Reis acrescenta ainda que,
na esfera cultural propriamente falando as produções teatrais, o
cinema, as artes plásticas, salvo as exceções de praxe, convergem
para o mercado concorrendo com os subprodutos televisivos
produzidos pela indústria cultural de massa. Em todas essas
circunstâncias a dimensão criativa da atividade humana é
simplesmente elidida ou travestida pelo consumo conspícuo de algo
fadado à obsolescência. No sentido contrariamente dialético dessa
sedução se encontram aqueles que praticarão o terrorismo privado
e de estado contra a classe trabalhadora: banqueiros usurários,
rentistas, empresários, agentes públicos no controle das economias
do estado etc. (2015, pp. 14-5).
Ou seja, a dimensão da criatividade humana travestida pelo consumo
conspícuo conforme vimos, transformou a vida em filme, evocando o título da
obra Vida, o filme. Como o entretenimento conquistou a realidade, de Neal
Gabler (1999), na qual o escritor estadunidense apresenta uma análise sobre
como a mídia, por meio da
aplicação deliberada de técnicas teatrais em política, religião,
educação, literatura, comércio, guerra, crime, em tudo, converteu-
os todos em ramos da indústria do entretenimento, na qual o
objetivo supremo é ganhar e satisfazer uma audiência (REIS, 2015,
p. 16).
Chamando ainda a atenção para o
momento em que a cultura se submete à tirania do entretenimento
e a vida se torna um filme, os críticos reclamam que os Estados
Unidos retrocederam a uma “cultura carnavalesca”, ou “cultura do