; e você encontrará, por outro lado, passagens nas sátiras de
Persius que parecem copiadas do – até então não escrito – Novo Testamento.
De todos esses elementos doutrinários, não há vestígios em nosso Livro de
apocalipse. Aqui temos o cristianismo da forma mais crua em que ele foi
preservado para nós. Há apenas um ponto dogmático dominante: que os fiéis
foram salvos pelo sacrifício de Cristo. Mas como, e por que, é completamente
indefinível. Não há nada além da antiga noção judaica e pagã de a que Deus,
ou aos deuses, devem ser propiciados sacrifícios, transformada na concepção
especificamente cristã (que, de fato, fez do cristianismo a religião universal) de
que a morte de Cristo é o grande sacrifício, e que isso basta de uma vez por
todas.
Nenhum traço do pecado original. Nada da santíssima trindade. Jesus
é “o cordeiro”, mas subordinado a Deus. De fato, em uma passagem (15:3) ele
é colocado em pé de igualdade com Moisés. Em vez de um Espírito Santo,
existem “os sete espíritos de deus” (3:1 e 4:5). Os santos assassinados (os
mártires) clamam a Deus por vingança:
Até quando, ó Senhor santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça,
vingando
nosso sangue contra os habitantes da terra? (Apocalipse, 6:10) –,
um sentimento que, mais tarde, foi cuidadosamente retirado do código
teórico-moral do cristianismo, mas realizado praticamente como vingança
assim que os cristãos assumiram o controle sobre os pagãos.
Naturalmente, o cristianismo se apresenta como uma mera seita do
judaísmo. Assim é dito nas mensagens para as sete igrejas:
Conheço tua tribulação, tua indigência — és rico, porém! — e as
blasfêmias de alguns dos que se afirmam judeus [não cristãos] mas
não são — pelo contrário, são uma sinagoga de Satanás! (Apocalipse,
2:9)
E, novamente, no capítulo 3, versículo 9:
Vou entregar-te alguns da sinagoga de Satanás, que se afirmam
judeus mas não são. (Apocalipse, 3:9)
Os estoicos – discípulos do filósofo Zenão de Cítio, que ensinou na Estoa em Atenas. Daí o
nome desta escola de filosofia helenística e romana, fundada no final do século IV e início do
século III a.C. Entre seus seguidores estavam filósofos antigos, como Sêneca (1º século d.C.),
Filo de Alexandria (1º século d.C.) e Marco Aurélio (2º d.C.). Os estoicos procuraram
corroborar a independência interior da personalidade humana, mas, ao mesmo tempo,
demonstraram um extremo senso de resignação em relação ao mundo circundante e não
fizeram nenhuma tentativa de mudá-lo. O estoicismo introduziu uma estrita divisão da
filosofia em lógica, física e ética. Exerceu uma influência considerável na formação da religião
cristã. [NEI]