Verinotio - Revista on-line de Filosofia e Ciências Humanas. ISSN 1981-061X. ano XV. jul./dez. 2020. v. 26. n. 2
Friedrich Engels
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mais limitada a estabelecer a produção, e está é a sua esfera própria.
Mas, então, como estão as coisas agora? Vimos como o conceito de
valor é violentamente dividido e os aspectos individuais são tomados como o
todo. Os custos de produção, distorcidos desde o início pela concorrência,
devem valer como o próprio valor; da mesma forma, a utilidade meramente
subjetiva – já que agora não pode haver outra. Para obter essas definições
debilitadas, a concorrência deve ser usada nos dois casos; e o melhor é que,
no caso dos ingleses, a concorrência, em relação ao custo de produção,
representa a utilidade, enquanto, inversamente, em Say, a concorrência, em
relação à utilidade, introduz o custo de produção. Mas que utilidade, que
custos de produção traz! Sua utilidade depende do acaso, da moda, do humor
dos ricos, seus custos de produção aumentam e diminuem com a relação
casual entre demanda e oferta.
A diferença entre o valor real e o valor de troca é baseada em um fato -
a saber, que o valor de uma coisa é diferente do chamado equivalente dado a
ela no comércio, ou seja, que esse equivalente não é equivalente. Esse
chamado equivalente é o preço da coisa e, se o economista fosse honesto, ele
usaria a palavra "valor comercial". No entanto, ele ainda precisa manter um
rastro de aparências de que o preço está de alguma forma relacionado ao
valor, para que a antieticidade do comércio não venha à tona. Mas o fato de o
preço ser determinado pela interação dos custos de produção e da
concorrência é bastante correto e é uma das principais leis da propriedade
privada. Foi a primeira coisa que o economista encontrou, essa lei puramente
empírica; e a partir disso ele abstraiu seu valor real, ou seja, o preço, no
momento em que a relação de concorrência é equilibrada, quando a demanda
e a oferta coincidem – então, é claro que os custos de produção permanecem,
e é isso que o economista chama de valor real, embora seja apenas uma
determinação do preço. Então, tudo na economia está de cabeça para baixo;
faz-se com que o valor, que é o original, é a fonte do preço, seja dependente
deste, seu próprio produto. Como é sabido, essa inversão é a essência da
abstração, e sobre tal questão Feuerbach pode ser consultado.
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Segundo o economista, os custos de produção de uma mercadoria
consistem em três elementos: a renda fundiária [Grundrente] pelo terreno
necessário para produzir a matéria-prima, o capital com lucro e o salário pelo
trabalho necessário para a produção e elaboração. Mas se mostra de imediato
que capital e trabalho são idênticos, uma vez que os próprios economistas
admitem que o capital é "trabalho acumulado". Portanto, temos apenas dois
lados: o natural, objetivo, o terreno, e o humano, subjetivo, o trabalho, que
inclui capital – e uma terceira coisa além do capital em que o economista não
pensa, quero dizer, o elemento espiritual da invenção, do pensamento, além