Verinotio
NOVA FASE
ISSN 1981 - 061X v. 27 n. 1, Lukács: 50 anos depois - jan./jun. 2021
Em memória de Mario Duayer
Paulo Henrique Furtado de Araujo
*
Resumo: O artigo realiza uma homenagem
póstuma a Mario Duayer, cuja vida foi ceifada
pela pandemia do COVID-19 no início do ano de
2021. Trata-se de um relato pessoal da
convivência com Mario Duayer, do resgate de sua
importância na formação de uma gerão de
pesquisadores, professores e lutadores sociais
que têm no marxismo o horizonte de teoria e
práxis. Oferece um resumo da produção teórica
de Mario Duayer, enfatizando os últimos dez
anos de sua prodão e apresenta as linhas
gerais de seu esforço último por aproximar
teoricamente a Ontologia de Lukács e a
reinterpretação do pensamento de Marx,
proposta por Moishe Postone.
Palavras-chave: Mario Duayer; Marx; Lukács;
Postone; homenagem.
Abstract: The article pays a posthumous tribute
to Mario Duayer, whose life was cut short by the
COVID-19 pandemic at the beginning of 2021.
It is a personal account of my closeness and
familiarity to Mario Duayer, of the rescue of his
importance in the formation of a generation of
researchers, teachers and social activists who
have in Marxism the horizon of theory and
praxis. It offers a summary of Mario Duayer's
theoretical production, emphasizing the last ten
years of his production and presents the general
lines of his last effort to theoretically
approximate Lukács' Ontology and the
reinterpretation of Marx's theory, proposed by
Moishe Postone.
Keywords: Mario Duayer; Marx; Lukács; Postone;
homage.
I
No dia 16 de janeiro de 2021 perdemos Mario Duayer para a pandemia que
assola o planeta e que, até esse momento em que escrevo, ceifou a vida de 514.092
brasileiros. As ações deliberadas e conscientes, tomadas pelo (des)governo miliciano-
empresarial-militar, que ocupa o cleo central do poder executivo brasileiro e que
miram a facilitação do contágio viral, explicam essa tragédia. Essa pandemia é mais
uma manifestação fenomênica da crise estrutural produzida pela contradição
fundamental da sociedade do capital (entre valor de uso e valor) e que tem por
correlato a produção de uma massa do povo permanentemente excluída da
possibilidade da produção do laço social (valor) que garante o pertencimento de cada
singularidade humana à comunidade na qual está inserida desemprego permanente.
Acrescente-se a atual crise ambiental que, tudo indica, já é irreversível, e temos sinais
claros do esgotamento das possibilidades civilizatórias do capitalismo. Tais
manifestações evidentes do aprofundamento da barbárie são o arrimo para o
*
Doutor pela UFRRJ e professor da Faculdade de Economia da UFF, do PPGE-UFF, Coordenador do
GEPOC-UFF e membro do NIEP-MARX-UFF.
E-mail
: phfaraujo@id.uff.br.
DOI 10.36638/1981-061X.2021.v27.622
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desenvolvimento das formas ideológicas, as mais reacionárias e que passam a dominar
o complexo da política: fascismo, nazismo, racismo etc.
Mario Duayer nos deixou nesse momento crucial para os rumos do devir humano
do ser humano e nos privou das análises, refinadas e precisas, que tanto nos ajudavam
na elucidação de complexos de problemas que poucos revolucionários marxistas na
atualidade abordam.
Ofereço aos leitores um singelo relato de minha convivência com Mario em que
procuro destacar o seu compromisso teórico e prático com a emancipação humana e
tento indicar a dimensão da perda humana e intelectual que o seu desaparecimento
acarretou.
II
Encontrei Mario pela primeira vez em janeiro ou fevereiro do distante ano de
1989. Era o encontro de apresentação da primeira turma selecionada, a partir das
provas da ANPEC, para o Mestrado em Economia da UFF. Meu interesse era o estudo
de Marx e, quando da seleção para o mestrado, descobri que na Economia da UFF
havia um núcleo de professores marxistas. Minha escolha pelo programa foi natural e,
nesse primeiro encontro, além de Mario, conheci Victor Hugo Klagsbrunn. Os dois
professores eram, naquele momento, os marxistas do Programa, e eu, naturalmente,
me aproximei deles. Victor Hugo veio a ser meu orientador oficial da dissertação de
mestrado, e Mario um orientador informal. No primeiro semestre do curso, Mario
oferecia uma disciplina obrigatória que era de leitura do Livro 1 de
O Capital
texto
que eu conhecia da graduação com uma bibliografia complementar que era
inovadora naquele momento. Mario trazia, sempre que possível e adequado, as
contribuições de Lukács colhidas em
Para uma ontologia do Ser Social
. Isso num
período em que só dispúnhamos de dois capítulos da obra de Lukács vertidos para o
portugs por Carlos Nelson Coutinho
A falsa e a verdadeira ontologia de Hegel
e
Os princípios ontológicos fundamentais de Marx
. Mario complementava suas
intervenções em nossas aulas com referências a textos de José Chasin e István
Mészáros.
1
Tal abordagem provocou profunda impressão em toda turma, e um grupo
de alunos demonstrou interesse em aprofundar a leitura da
Ontologia
de Lukács. A
partir desse movimento, Mario ofereceu por mais três semestres disciplinas optativas
1
Com destaque para os artigos publicados na
Revista Ensaio
e, posteriormente, na
Revista Ad Hominen
.
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que funcionaram como grupos de estudos. O que revelava uma característica
permanente do modo de ser de Mario: a preocupação em aprender coletivamente e
em avançar no conhecimento coletivamente. Elucidando e auxiliando, de modo
rigoroso, cada aluno em suas dúvidas e dificuldades.
Nesse período, a pesquisa de Mario tinha por foco as questões do método. Mario
se ocupava, com grande afinco, em elucidar os problemas relacionados à teoria do
conhecimento (gnosiologia e epistemologia) e em esclarecer as necessárias ligações
entre gnosiologia/epistemologia e a ontologia materialista do ser social. Sua pesquisa
nesse campo se estende de 1988/89 até 2004/2005 e resultou em uma grande
quantidade de artigos científicos e capítulos de livros publicados e que ainda hoje são
referência para o debate na área. Aqui, é preciso mencionar outra característica de
Mario: a permanente busca por interlocutores teóricos no plano nacional e
internacional. Disso decorre a descoberta das contribuições de Roy Bhaskar e os
autores do campo do
Realismo Crítico
e a consequente incorporação crítica dessas
abordagens em suas reflexões teóricas a respeito da teoria do conhecimento, que se
mantinham no campo do marxismo e articulavam esses autores recém-descobertos
com as contribuições do próprio Marx, de Lukács, Mészáros, Chasin etc.
No intervalo de tempo referido, Mario, ao lado de sua elaboração teórica,
participa ativamente (e em parceria com Victor Hugo Klagsbrunn) do processo de
organização e fundação da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP).
2
A SEP, ao
longo dos anos de sua existência, transforma-se na principal entidade brasileira
(sustentada por pessoas físicas) dos economistas heterodoxos (os que não aceitam o
mainstream
da teoria econômica como chave explicativa da sociedade e da economia
capitalista) e dos economistas marxistas em particular; sendo hoje referência
continental e mundial no campo da teoria econômica crítica e heterodoxa.
Alguns anos após a conclusão do meu mestrado, fui aprovado em concurso
blico para o cargo de professor de Teoria Econômica do Departamento de Economia
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica município
um pouco distante de Niterói. Essa contingência e as circunstâncias da vida acabaram
por me afastar do convívio pessoal e intelectual com Mario. Ainda que nos víssemos
em alguns momentos festivos ao longo dos anos, foi somente no ano de 2009 que
2
A SEP foi fundada em 1996 na UFF, em Niterói, no
Primeiro Encontro Nacional de Economia Clássica
e Potica
.
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pude retomar aquele convívio, ao ser aprovado em novo concurso blico, agora para
professor de Pensamento Econômico da Faculdade de Economia da UFF. Em meu
retorno à UFF, tive a felicidade de ser apresentado ao círculo de professores, alunos,
amigos e colegas que privavam da convivência com Mário. Para não cometer injustiças,
não citarei nenhum dos amigos em particular, mas registro que o Núcleo
Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo da UFF NIEP-MARX-
UFF era o centro gravitacional de todos nós. O NIEP surge em 2003 e congrega
professores, pesquisadores e alunos de diversas unidades da UFF (Economia, História,
Educação, Serviço Social, Sociologia, Arquitetura etc.). Todos tendo em comum o
pensamento de Marx enquanto eixo articulador de seus trabalhos de ensino, pesquisa
e extensão. Mario foi um dos fundadores e organizadores do NIEP que hoje é uma
referência no campo do marxismo tanto no Brasil como internacionalmente.
Quando da retomada da interlocução com Mario, fui apresentado por ele
3
a um
autor desconhecido no debate brasileiro, naquele momento, e que Mario havia
descoberto em um de seus pós-doutorados: Moishe Postone. Nessa altura, Mario já se
afastava dos estudos sobre metodologia e passava a se dedicar às questões
apresentadas por Postone. Uma vez, indagado sobre esse afastamento por um amigo
em comum,
4
Mario respondeu que ele tinha obtido autoesclarecimento, o que o
levara a estudar outros assuntos. Postone, eu arriscaria dizer, é um autor incontornável
para a reconstrução do marxismo enquanto ciência e ideologia que aponta para a
humanização do ser humano. Ainda assim, é um autor envolto em polêmicas e mal-
entendidos. O meu primeiro contato com a obra principal do autor (
Tempo, Trabalho
e Dominação Social
) me levou a uma rápida rejeição. Comentei com Mario de que se
tratava de um autor anti-marxista. Mario, com paciência e generosidade, se dispôs a
demonstrar que não se tratava disso, muito pelo contrário, o autor oferecia a
possibilidade de uma leitura de Marx que resgatava a radicalidade de sua crítica à
sociedade do capital.
Postone esclarecia, explicava Mario, que para Marx a sociedade do capital é
moldada pelo valor que tem por substância o trabalho abstrato. Capital que é
3
Nesse período, eu dividia gabinete de trabalho, na Faculdade de Economia da UFF, com João Leonardo
Medeiros (dentre outros amigos), que gentilmente me enviou pias dos artigos e livro de Postone e
que se dispôs a dialogar a respeito das ideias do autor. Aqui registro meu carinho e agradecimento a
João.
4
Faço referência a Natan Oliveira.
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contradição em processo, que é valor em expansão, em verdade, é trabalho abstrato
se expandido sob a forma de mercadoria e dinheiro (D-M-D’) e abarcando e modelando
a totalidade objetiva e subjetiva do mundo humano na sociedade em que domina o
modo de produção capitalista. Não por outro motivo, Marx inicia a exposição de sua
obra magna a partir da análise da mercadoria iluminando as categorias valor de uso e
valor para, em seguida, demonstrar que valor de troca é a forma de manifestação do
valor. De imediato, nos diz que a riqueza da sociedade capitalista aparece
(fenomenicamente) como uma coleção de mercadorias (valores de uso), indicando que
uma riqueza especificamente capitalista valor. No mesmo movimento, apresenta
a concorrência capitalista como parte crucial da valorizão do valor, ao abordar o
aumento da força produtiva do trabalho no caso da adoção de teares mecânicos pela
indústria xtil inglesa no século XIX. O aumento da produtividade altera o valor por
unidade produzida de mercadoria sem alterar o valor total produzido e devém pelo
aumento da mecanização do processo de trabalho que Marx irá elucidar, em
particular, no capítulo 23 do Livro 1 de
O Capital
, como aumento da composição
orgânica do capital. Marx estabelece, segundo Postone, os marcos gerais da própria
dinâmica do capital: a obrigatoriedade de produzir com mais eficiência, maior
produtividade, de modo que a lógica do capital engendra uma dialética da
transformação e reconstituição do nível de produtividade e do tempo de trabalho
socialmente necessário que Postone i chamar de
Efeito Esteira
.
Ainda no primeiro capítulo do Livro 1 de
O Capital
, Marx demonstra, assinala
Postone, que valor é categoria mediadora social. Dito de outro modo: os laços sociais
entre os seres humanos na sociedade do capital são indiretos mediados pela
mercadoria que é valor e valor de uso ao mesmo tempo. Segue afirmando que o
trabalho determinado por mercadoria possui um duplo caráter (produtor de valor de
uso e de valor) e tem que objetivar a própria relação social sob a forma de mercadoria.
A relação social é coisificada e exteriorizada e, imediatamente, propicia a relação social
direta entre as coisas produzidas pelos humanos sob a forma de mercadorias. Por
conseqncia lógica, o valor, sob a forma de mercadoria e dinheiro, adquire vida
própria e passa a dominar a vida dos produtores. Consuma-se a inversão sujeito-objeto
e o humano devém objeto de sua objetivação para Marx essa é a forma específica
da dominação capitalista: dominação abstrata do valor. Como o valor é quantificado
pelo tempo de trabalho socialmente necessário, estamos diante de uma dominação
temporal. Em seu nível mais crucial, essa é a dominação específica da sociedade do
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capital.
Postone, com isso, sustenta que em Marx de
O Capital
, a subjetividade do ser
humano é balizada pelo constrangimento lógico do valor em expansão. O fetiche da
mercadoria e a dominação abstrata são momentos distintivos da formação de cada
subjetividade. Ainda assim, segundo o autor, não se trata da constituição de algum
determinismo, mecanicismo ou estruturalismo. O agir humano ocorre, as escolhas e o
livre-arbítrio operam, ainda que no interior dos limites da referida lógica. Tal
constatação indica que a crítica à sociedade do capital é possível e que a emancipação
humana da dominação do valor é uma tarefa viável.
A crítica de Marx, para Postone, caracteriza-se, podemos agora explicitar, por ser
uma crítica do trabalho no capitalismo e não uma crítica do capitalismo do ponto de
vista do trabalho. Essa inversão produz toda uma série de consequências para o
pensamento marxista por exemplo, coloca a questão do sujeito da história. No
capítulo 4 do Livro 1 de
O Capital
, o valor, que assume a forma de mercadoria e forma
dinheiro mantendo-se inalterável qualitativamente como substância (trabalho abstrato)
e se ampliando quantitativamente (D’=D+D), vem a ser capital , sujeito automático
do processo de autovalorização, ou seja, sujeito-objeto idêntico. Um sujeito abstrato,
sem consciência, com evidente tendência totalizadora pois todos os aspectos da vida
social humana passam a ser dominados por esse constrangimento lógico e produtor
de uma dinâmica histórica endógena à sociedade do capital que aponta para a
permanente transformação e reconstituição dos padrões temporais da produção do
valor e das configurações assumidas pelas estruturas sociais pseudo-objetivas
plasmadas por ele. Um sujeito abstrato, que engendra um tempo histórico de
perpétua produção de valor ampliado, tem por legado a interdição do futuro, o
apagamento de todo o passado do nero humano e a oferta de uma permanente
presentificação: a omnilateralidade do ser humano, na sociedade do capital, é mutilada,
o humano é transformado em aleijão, unilateralizado, esvaziado enquanto mero
produtor de valor e animalizado na práxis humana que inaugura, ontologicamente, o
longo processo de explicitação do que há de humano no ser humano.
Abordar o sujeito da história requer que se trate das classes sociais, dado que
no marxismo tradicional, o proletariado é identificado como o sujeito da história, da
revolução e da emancipação. Aqui não é o lugar para a explicitação das posições
envolvidas no debate e, portanto, limito-me a abordar a compreensão que Mario
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advogava. O proletário, para Marx de
O Capital
, é o trabalhador produtivo e ser
produtivo, nesse caso, é valorizar valor para o capitalista. Desse modo, as classes
sociais abordadas nas primeiras seções do Livro 1 de
O
Capital (burgueses e
proletários) surgem determinadas, em seu nível mais essencial, pelo valor em
expansão. O valor tem prioridade ontológica e é momento determinante em relação
as classes, e essas se apresentam em determinação reflexiva. De tal modo que a mera
condição de ser proletário não constitui,
per se
, uma consciência emancipadora, nem
mesmo como instinto de classe ou
dynamei
. Ao longo dos capítulos da referida obra,
Marx demonstra que as lutas de classe do cotidiano, engendradas pela lógica do valor,
permitem ao proletariado em luta arrancar direitos da burguesia (por exemplo,
limitão da jornada de trabalho). Uma vez vitoriosas, essas lutas do cotidiano
permitem que o proletário venda sua mercadoria (força de trabalho) por um quantum
maior de valor sob a forma de um salário mais elevado. O que irá garantir um maior
consumo de mercadorias, melhorias na qualidade de vida das famílias e, desse modo,
um aprofundamento do aprisionamento do proletário nos grilhões da dominação
abstrata do valor.
As lutas do cotidiano, sob circunstâncias específicas e favoráveis, podem
favorecer o surgimento de momentos catárticos em que a consciência do produtor é
acessada por um conjunto de valores ético-morais que o empurram para além da
sociabilidade do valor. Decorre, acrescenta Postone, que ao lado das lutas de classe
do cotidiano é possível e necessária a constituição de lutas emancipatórias ou
revolucionárias. Tais lutas podem e devem abarcar as questões de raça, nero,
ecológica etc. articulando a busca por formas de sociabilidade manifestas entre os
humanos e que possam substituir os laços sociais indiretos arrimados no valor.
Para arrematar o resumo aqui esboçado, e partindo da reconstrução da teoria de
Marx sugerida por Postone, apresento, em traços muito lassos, uma leitura possível
para o problema atual da redução nurica do proletariado e do papel do proletariado
no processo de emancipação humana do valor. Pouco acima, registrei que Marx trata
da concorrência capitalista como corolário necessário do valor em expansão que
constitui, de modo inexorável, uma tendência ao aumento da composição orgânica do
capital ou a substituição sica do trabalho vivo pelo trabalho morto (sob a forma de
maquinaria) com a redução mais acentuada no valor da força de trabalho (capital
variável) em comparação como valor do capital constante (máquinas, equipamentos e
matérias-primas). No capítulo 23 do Livro 1 de
O Capital
, Marx acrescenta que a
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acumulação capitalista produz incessantemente uma superpopulação trabalhadora que
é supérflua para as condições médias da própria acumulação. Ao analisar as diferentes
formas de existência da superpopulação relativa (flutuante, latente, estagnada e no
pauperismo), Marx conclui que a lei geral da acumulação capitalista aponta para o fato
de que quanto maior for o aumento da produção da riqueza social, do volume do
capital em funcionamento e da vitalidade do seu crescimento, maior será a
superpopulação supérflua (ou exército industrial de reserva); e tanto maior será o
pauperismo uma proporção cada vez maior do proletariado que perde seus laços
com a classe social e a possibilidade de permanecer capaz de produzir o laço social
(valor). Essa tendência é o que pode explicar o desenlace que Marx oferece, ao final
do capítulo 24 do Livro 1 de
O Capital
, ao dizer que a tarefa de expropriar os
expropriadores, na sociedade do capital, é da massa do povo (
Volksmasse
). E, em nota
de rodapé, remeter o leitor para uma passagem do
Manifesto do Partido Comunista
em que a massa do povo é sinônimo de proletário. Considerando que ao escrever o
Manifesto
Marx ainda não havia realizado a ruptura ontológica no âmbito da economia
política e, portanto, ainda não havia constituído sua teoria do valor, podemos inferir
que ser proletário, no referido texto, é sinônimo de miserável, pauperizado, oprimido,
deserdado, humilhado etc. Após o giro ontológico e a instauração de sua teoria do
valor, Marx compreende que ser proletário é uma determinação do valor em expansão
e que a tendência geral da acumulação capitalista não é a do fortalecimento do
proletário que seria portador de um instinto (metafísico?) emancipador. Ao contrário,
a tenncia é para a perda de peso e importância do trabalhador produtivo e o
desenvolvimento do pauperismo constituindo uma massa de deserdados, a massa do
povo. A essa massa cabe a tarefa de realizar a exproprião dos expropriadores e a
organização da vida social em laços sociais manifestos, para além do valor.
Para não prolongar por demais esse excurso que se demonstra excessivo,
concluo o esboço assinalando que essa chave de leitura exige dos marxistas a
reinterpretação das formas políticas de organização, das táticas e estratégias a serem
adotadas pelos revolucionários e, o mais importante, a descoberta no
hic et nunc
dos
caminhos para o aprendizado, constituição e generalização de laços sociais assentados
nos valores antípodas aos valores ético-morais do capital. A simples enumeração das
tarefas e desafios já indica o quanto a reinterpretação de Marx oferecida por Postone
é polêmica e incômoda para a tradicional figuração de mundo no campo do marxismo.
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III
Mario, no ano de 2011, aposentou-se como Professor Titular da Faculdade de
Economia da UFF e passou a ser Professor Visitante no Programa de Pós-Graduação
em Serviço Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Naturalmente,
ocorreu um certo distanciamento do dia a dia da UFF, e Mario, em 2012, organizou
um novo grupo de estudos e pesquisas, o GEPOC (Grupo de Estudos e Pesquisas em
Ontologia Crítica), retomando o nome de um outro grupo que ele ajudara a criar
quando de sua estadia como Professor Visitante no curso de s-Graduação em
Sociologia Política na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) nos anos de
2006-2007. O GEPOC, em seu início, reunia pesquisadores da própria UERJ, todavia,
rapidamente foram sendo incorporados professores e alunos de outras instituições
(UFF, UFRJ). No ano de 2016, com o fim do vínculo de Mario com a UERJ, o grupo
passa a se reunir no campus da UFF e modifica seu nome para GEPOC-UFF.
Nesse período, explicita-se o veio principal da pesquisa que Mario i
desenvolver até o final de sua vida: as proximidades e contradições entre a
Ontologia
de Lukács e a reconstrução da teoria de Marx ofertada por Postone. Para alguém que
conheça um pouco os dois autores e suas contribuições teóricas, pode parecer, de
imediato, que se trata de uma tarefa impossível. Postone é explícito ao negar a validade
de qualquer ontologia, que ele associa a metafísica (em pleno acordo com o
entendimento de Adorno). Mario percebeu que Postone, sem saber, instaura uma
crítica ontológica ao marxismo tradicional e, ao mesmo tempo, possuía uma
compreensão da teoria do valor que era adequada ao constructo teórico oferecido por
Lukács em sua obra final. O primeiro desafio a ser enfrentado era como sustentar que
o trabalho não era emancipador por si. Ou ainda, diferenciar o trabalho universal/geral,
fundante do ser social, motor do processo de afastamento da barreira natural e o início
da constituição da substância do ser social e de suas formas de manifestação
fenomênicas, do trabalho determinado por mercadoria que unilateraliza o ser humano
e se instaura como o centro, o eixo estruturante, e da sociedade moderna. A essa
tarefa Mario se dedicou e fez avançar a compreensão sobre as diferenças entre
trabalho enquanto fundante do ser social e o trabalho que é central na sociedade do
capital.
Ao mesmo tempo não lhe escapava que as leituras desses autores, para se
tornarem ideologias de fato, precisavam não apenas apresentar respostas para os
problemas contemporâneos do processo de acumulação de capital, mas,
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sincronicamente a essas respostas, se apossar da conscncia da massa do povo. Tal
perspectiva levou Mario a voltar a estudar, nas reuniões do GEPOC-UFF, a obra
principal de Postone (
Tempo, Trabalho e Dominação Social
), os livros 2 e 3 de
O Capital
(também nas reuniões do GEPOC-UFF) e os capítulos
A Reprodução
,
O Ideal e a
Ideologia
e
O Estranhamento
de
Para uma Ontologia do Ser Social
(na preparação das
aulas das turmas que dividíamos no PPGE-UFF) esse esforço foi realizado ao longo
do período 2016-2020. O desaparecimento de Mario não permitiu efetivar parte
substantiva do potencial desse esforço sob a forma de textos, artigos, entrevistas e
livros. Ainda assim, ao longo desse intervalo, vieram à luz alguns materiais que nos
permitem vislumbrar os rumos que tomava o pensamento de Mario.
5
O marco inicial
dessa produção é a organização que fizemos no ano de 2016, do mero 22 da
Revista Verinotio, dedicado ao tema da (des)centralidade do trabalho.
Nos últimos meses de 2019, em uma tarde de estudos, na casa de Mario,
conversávamos sobre como, na sociedade do capital, o trabalho vivo revive o trabalho
morto presente em máquinas, equipamentos e matérias-primas. Nesse instante, ele me
olha muito sério e diz algo assim: “Paulo, temos algo semelhante quando lemos
autores que não estão entre nós. As objetivações de suas ideias, de suas habilidades
etc. retornam à vida quando os livros e textos desses autores o lidos, discutidos e
criticados. De um certo modo, eles permanecem vivos conosco, em permanente
diálogo”. Jamais poderia imaginar que em pouco mais de um ano estaria escrevendo
um texto em homenagem póstuma ao meu querido professor, coorientador, coautor,
amigo, “irmão mais velho” e modelo de intelectual rigoroso, generoso, incanvel
leitor e possuidor de uma cultura enciclopédica e de uma escrita exemplar. Ainda
assim, tomo as palavras acima e convido a todas e todos interessados a ler, discutir e
criticar os materiais de Mario. Não apenas o manteremos vivo, prestando a melhor
homenagem possível a um intelectual que não está entre nós como, certamente,
encontraremos inúmeras sugestões, pistas e trilhas para a reconstrução do marxismo
enquanto ciência e ideologia emancipadora do valor.
IV
Não poderia encerrar esse relato sem mencionar dois pontos: (1) Mario, ao longo
de suas aulas nas turmas de graduação, de pós-graduação, nas atividades de extensão,
5
Ao final desse escrito, listo alguns materiais produzidos por Mario que poderão dar uma ideia geral
da produção teórica que ele desenvolveu ao longo de sua vida acadêmica.
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em seminários e grupos de estudo formou dezenas de professores, pesquisadores e
lutadores sociais, todos profundamente comprometidos com a intelecção do ser social
sob o domínio do capital. toda uma geração de marxistas em atuação hoje, no
Brasil e no mundo, que se beneficiaram direta e indiretamente da reflexão teórica e da
figuração de mundo que Mario constituiu ao longo de sua vida. Conforme nos lembra
Eleutério Prado: “Se podemos falar de um marxismo de Niterói, pelo menos no âmbito
da Economia, devemos isso à Mario Duayer”. (2) Mario, juntamente com Nélio
Schneider, traduziu, diretamente do alemão, os
Grundrisse
para a edição organizada
pela Editora Boitempo, além de ter feito a Supervisão Editorial dessa edição. Além
disso, Mario traduziu, com Carlos Nelson Coutinho e lio Schneider, o volume 1 de
Para uma Ontologia do Ser Social
, também publicada pela Editora Boitempo.
A seguir, apresento uma rápida relação de artigos e textos de Mario que podem
ser do interesse dos leitores.
Artigos publicados em periódicos:
DUAYER, M. Anti-realismo e absolutas crenças relativas.
Margem Esquerda
, v. 8, pp.
109-130, 2006.
DUAYER, M. Antirrealismo e absolutas crenças relativas.
Verinotio
, Belo Horizonte, v.
14, pp. 16-27, 2012.
DUAYER, M.; ARAUJO, P. H. F. Desventuras do marxismo tradicional: notas sobre a
polêmica Harvey-Roberts.
Outubro
(São Paulo), v. 34, pp. 63-88, 2020.
DUAYER, M.; ARAUJO, P. H. F. Para a crítica da centralidade do trabalho: contribuição
com base em Lukács e Postone.
Revista Em Pauta
, v. 35, pp. 15-36, 2015.
DUAYER, M.; ARAUJO, P. H. F. Valor como forma de mediação social: interpretação de
Marx a partir de Postone.
Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política
,
2020.
DUAYER, M. Capital: More Human than Human (Blade Runner e a Barbárie do Capital).
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Como citar:
ARAUJO, Paulo Henrique Furtado de. Em memória de Mario Duayer.
Verinotio
, Rio das
Ostras, v. 27, n. 1, pp. 428-441, jan./jun 2021.