TRADUÇÃO  
DOI 10.36638/1981-061X.2025.30.2.768  
T r a d u ç ã o  
_____  
Karl Marx/Friedrich Engels  
Resenha a  
François-Pierre-Guillaume GUIZOT  
Por que a revolução na Inglaterra foi bem-sucedida?  
Conferência sobre a história da Revolução Inglesa*  
A resenha ora traduzida é parte de um conjunto de resenhas contidas nos volumes que foram  
publicadas sem assinatura nos números 2 e 4 da “Neue Rheinische Zeitung. Politisch-  
ökonomische Revue”. Em 1892, Engels relatou em um esboço biográfico sobre Marx, que  
juntamente com ele Marx também havia escrito na “Revista” resenhas e análises políticas. No  
que diz respeito a algumas resenhas, como as dos livros de Emile de Girardin e Guizot, é muito  
provável que tenham sido escritas por Marx, enquanto a resenha do livro de Thomas Carlyle  
provavelmente foi escrita por Engels. No entanto, como isso não pode ser comprovado com  
certeza, mais correto seria considerar a resenha que se segue como uma produção conjunta.  
O panfleto do Sr. Guizot1 tem como objetivo provar por que Luís Filipe e a  
política de Guizot não deveriam ter sido derrubados em 24 de fevereiro de 1848 e  
como o caráter repreensível dos franceses foi o responsável pelo vergonhoso colapso  
da monarquia de julho de 1830, após dezoito anos de existência árdua, que não durou  
tanto quanto a monarquia inglesa desde 1688.  
Este panfleto mostra como até mesmo as pessoas mais capazes do ancien  
régime2 e, mesmo aquelas que certamente possuíam talento para a história, foram tão  
*
Titulo original da resenha: GUIZOT; Pourquoi la révolution d'Angleterre a-t-elle réussi? Discours sur  
l'histoire de la révolution d'Angleterre. Paris: Victor Masson, 1850. Publicado em Neuen Rheinischen  
Zeitung. Politisch-ökonomische Revue. Zweites Heft, Februar 1850. Traduzido por Ronaldo Vielmi  
Fortes a partir da edição da Marx-Engels Werke. Band 07: August 1849-Juni 1851. Berlim: Dietz Verlag,  
1960.  
1
Guizot, François-Pierre-Guillaume (1787-1874) Historiador e estadista francês, orleanista; dirigiu a  
política interna e externa da França de 1840 a 1848, representando os interesses da grande burguesia  
financeira.  
2 Antigo Regime  
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Verinotio  
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Tradução da resenha a Guizot, Por que a revolução na Inglaterra foi bem-sucedida?  
completamente lançadas na confusão pelos eventos fatídicos de fevereiro que  
perderam toda a compreensão histórica, até mesmo a compreensão de suas próprias  
ações anteriores. Em vez de serem levados pela Revolução de Fevereiro a reconhecer  
as circunstâncias históricas totalmente diferentes, as posições completamente distintas  
das classes sociais na monarquia francesa de 1830 e na monarquia inglesa de 1688,  
o Sr. Guizot reduz toda a diferença a algumas frases morais e afirma, ao final, que as  
políticas derrubadas em 24 de fevereiro são "as únicas que preservam os Estados e,  
portanto, superam as revoluções".  
A questão que o Sr. Guizot deseja responder, formulada precisamente, é: Por  
que a sociedade burguesa na Inglaterra se desenvolveu por mais tempo sob a forma  
de uma monarquia constitucional do que na França?  
A seguinte passagem pode servir para caracterizar o conhecimento do Sr.  
Guizot sobre o curso do desenvolvimento burguês na Inglaterra:  
Sob os reinados de George I3 e George II4, o espírito público tomou  
um rumo diferente: a política externa deixou de ser sua principal  
preocupação; a administração interna, a manutenção da paz, as  
finanças, as colônias, o comércio, o desenvolvimento e as lutas do  
regime parlamentar tornaram-se a ocupação predominante do  
governo e do público.  
O Sr. Guizot encontra apenas dois momentos notáveis no reinado de Guilherme  
III: a manutenção do equilíbrio entre o Parlamento e a Coroa, e a preservação do  
equilíbrio europeu através da luta contra Luís XIV. Sob a dinastia hanoveriana, contudo,  
o "espírito público" subitamente toma um rumo diferente; ninguém sabe como ou  
porquê. Aqui vemos como o Sr. Guizot aplica as frases mais comuns do debate  
parlamentar francês à história inglesa, acreditando tê-la explicado dessa forma. Da  
mesma maneira, o Sr. Guizot, enquanto ministro, também se imaginava responsável  
pelo equilíbrio entre o Parlamento e a Coroa e pelo equilíbrio europeu, quando na  
realidade não fez nada além de vender o Estado francês e toda a sociedade francesa,  
pedaço por pedaço, aos financistas judeus da bolsa de valores de Paris.  
Que as guerras contra Luís XIV foram puramente guerras de concorrência para  
destruir o comércio francês e o poderio naval francês, que sob Guilherme III o domínio  
da burguesia financeira recebeu sua primeira sanção com a criação do banco e a  
3
George Ludwig de Hanover (1660-1727), ascendeu ao trono com o nome de George I da Grã-  
Bretanha, foi eleitor de Hanover do Sacro Império Romano de 23 de janeiro de 1698 até seu morte e  
rei da Grã-Bretanha e Irlanda de 1 de agosto de 1714 até sua morte.  
4
George II Augusto de Hanôver (George II), Rei da Grã-Bretanha e Irlanda (1727-1760) e Eleitor de  
Hanôver (1727-1760). Foi ainda príncipe-eleitor de Hanôver e duque de Brunsvique-Luneburgo.  
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introdução da dívida pública5, que a burguesia manufatureira recebeu um novo  
impulso com a implementação consistente do sistema de tarifas protecionistas, o Sr.  
Guizot não considera que valha a pena falar sobre isso. Para ele, apenas as frases  
políticas têm significado. Ele nem mesmo menciona que, sob a rainha Anna6, os  
partidos governantes só puderam se manter e preservar a monarquia constitucional  
prolongando a duração dos parlamentos para sete anos por meio de um golpe de  
força, destruindo assim quase totalmente a influência do povo sobre o governo.  
Sob a dinastia de Hanôver, a Inglaterra já estava pronta para travar a guerra de  
concorrência contra a França na sua forma moderna. A Inglaterra só combatia a França  
na América e nas Índias Orientais, enquanto no continente se contentava em pagar  
príncipes estrangeiros como Frederico II para guerrearem contra a França. E quando a  
guerra externa assume outra forma, diz o Sr. Guizot: “A política externa deixa de ser a  
questão principal” e em seu lugar surge “a manutenção da paz”. Em que medida “o  
desenvolvimento e as lutas do regime parlamentar se tornaram a ocupação  
predominante do governo e do público”, compare-se as histórias de corrupção sob o  
ministério de Walpole7, que, aliás, se assemelham muito aos escândalos que se  
tornaram comuns sob o senhor Guizot.  
O Sr. Guizot explica que a Revolução Inglesa teve um desfecho mais próspero  
do que a Francesa por duas razões principais: em primeiro lugar, porque a Revolução  
Inglesa teve um caráter totalmente religioso, ou seja, não rompeu de forma alguma  
com todas as tradições do passado; e, em segundo lugar, porque desde o início não  
foi destrutiva, mas conservadora, com o Parlamento defendendo as antigas leis  
existentes contra as transgressões da Coroa.  
No que diz respeito ao primeiro ponto, o Sr. Guizot esquece que o espírito  
liberal, que tanto o assusta na Revolução Francesa, não foi importado para a França  
de nenhum outro país senão da Inglaterra. Locke foi seu pai, e em Shaftesbury e  
Bolingbroke ele já assumiu aquela forma espirituosa que mais tarde teve um  
desenvolvimento tão brilhante na França. Chegamos assim ao curioso resultado de  
que o mesmo espírito liberal que, segundo o Sr. Guizot, levou ao fracasso da Revolução  
5 O Banco da Inglaterra foi fundado em 1694. Seus fundadores disponibilizaram o capital de fundo ao  
governo como empréstimo, dando início à dívida pública.  
6 Ana (1665-1714) foi a Rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 8 de março de 1702 até 1 de maio  
de 1707, quando uniu a Inglaterra e a Escócia em um único estado soberano, o Reino da Grã-Bretanha,  
com o Tratado de União. Ela continuou a reinar como a Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda até sua morte,  
e foi a última monarca da Casa de Stuart.  
7
Robert Walpole, 1.º Conde de Orford (1676-1745), foi um estadista britânico que serviu como o  
primeiro primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Seu mandato durou vinte anos, tornando-o o primeiro  
ministro mais antigo da história britânica.  
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Francesa, foi um dos produtos essenciais da Revolução Religiosa Inglesa.  
Em relação ao segundo ponto, o Sr. Guizot esquece completamente que a  
Revolução Francesa começou de forma tão conservadora, ou mesmo muito mais  
conservadora, do que a Inglesa. O absolutismo, especialmente como se manifestou na  
França, foi também aqui uma inovação, e contra essa inovação se levantaram os  
parlamentos, defendendo as antigas leis, os us et coutumes8 da antiga monarquia  
estamental. E se o primeiro passo da Revolução Francesa foi o ressurgimento dos  
Estados Gerais, extintos desde Henrique IV e Luís III, a Revolução Inglesa, por outro  
lado, não apresenta nenhum fato de conservadorismo clássico semelhante.  
Segundo o Sr. Guizot, o principal resultado da Revolução Inglesa foi que o rei  
ficou impossibilitado de governar contra a vontade do Parlamento e da Câmara dos  
Comuns. Toda a revolução consiste agora no fato de que, no início, ambos os lados, a  
coroa e o Parlamento, ultrapassaram seus limites e foram longe demais, até que  
finalmente, sob Guilherme III, encontraram o equilíbrio certo e se neutralizaram. Guizot  
considera desnecessário mencionar que a submissão da monarquia ao Parlamento é  
sua submissão ao domínio de uma classe. Por isso, ele não precisa entrar em detalhes  
sobre como essa classe adquiriu o poder necessário para finalmente tornar a coroa  
sua serva. Para ele, toda a luta entre Carlos I e o Parlamento se resume a privilégios  
puramente políticos. Não se diz uma palavra sobre por que o Parlamento e a classe  
por ele representada precisavam desses privilégios. O Sr. Guizot também não  
menciona as intervenções diretas de Carlos I na livre concorrência, que tornavam cada  
vez mais impossível o comércio e a indústria da Inglaterra, nem a dependência do  
Parlamento, na qual Carlos I se afundava cada vez mais devido à sua contínua crise  
financeira, quanto mais tentava desafiar o Parlamento. Por isso, toda a revolução só é  
explicável para ele pela má vontade e pelo fanatismo religioso de alguns agitadores  
que não se contentavam com uma liberdade moderada. O Sr. Guizot também não  
consegue esclarecer a relação entre o movimento religioso e o desenvolvimento da  
sociedade burguesa. A república é, naturalmente, também obra de alguns ambiciosos,  
fanáticos e mal-intencionados. O fato de que, na mesma época, em Lisboa, Nápoles e  
Messina, também foram feitas tentativas de introduzir a república, e, assim como na  
Inglaterra, também com vistas à Holanda, é um fato que não é mencionado. Embora o  
Sr. Guizot nunca perca de vista a Revolução Francesa, ele nem mesmo chega à  
conclusão simples de que a transição da monarquia absoluta para a constitucional só  
ocorre em todos os lugares após violentas lutas e após a passagem pela república e  
8 tradições e costumes.  
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que, mesmo assim, a antiga dinastia, considerada inútil, deve dar lugar a uma linha  
lateral usurpadora. Sobre a queda da monarquia inglesa da Restauração, ele só sabe  
dizer os lugares-comuns mais triviais. Ele nem mesmo menciona as causas imediatas:  
o medo dos novos grandes proprietários fundiários, criados pela Reforma, do  
restabelecimento do catolicismo, com o qual eles teriam naturalmente que devolver  
todos os bens eclesiásticos que haviam roubado, ou seja, com o qual sete décimos de  
toda a área territorial da Inglaterra teriam mudado de proprietário; o receio da  
burguesia comercial e industrial em relação ao catolicismo, que de modo algum se  
encaixava em seu comércio; a indiferença com que os Stuarts, para seu próprio  
benefício e o de sua nobreza, venderam toda a indústria inglesa, juntamente com o  
comércio, ao governo da França, ou seja, ao único país que na época representava  
uma concorrência perigosa e, em muitos aspectos, vitoriosa para os ingleses, etc.  
Como o Sr. Guizot omite os momentos mais importantes em todos os aspectos, não  
lhe resta nada além de uma narrativa extremamente insuficiente e banal dos  
acontecimentos meramente políticos.  
O grande enigma para o Sr. Guizot, que ele só consegue decifrar graças à  
inteligência superior dos ingleses, o enigma do caráter conservador da revolução  
inglesa, é a aliança contínua entre a burguesia e a maior parte dos grandes  
proprietários fundiários, uma aliança que distingue essencialmente a revolução inglesa  
da francesa, que destruiu as grandes propriedades fundiárias através do parcelamento.  
Essa classe de grandes proprietários fundiários ligada à burguesia, que aliás já havia  
surgido sob Henrique VIII, não se encontrava, como a propriedade fundiária feudal  
francesa em 1789, em contradição, mas sim em total harmonia com as condições de  
vida da burguesia. Suas propriedades fundiárias não eram, na verdade, feudais, mas  
sim propriedades burguesas. Por um lado, eles forneciam à burguesia industrial a  
população necessária para o funcionamento das manufaturas e, por outro, eram  
capazes de dar à agricultura o desenvolvimento que correspondia ao estado da  
indústria e do comércio. Daí seus interesses comuns com a burguesia, daí sua aliança  
com ela.  
Com a consolidação da monarquia constitucional na Inglaterra, a história inglesa  
chega ao fim para o Sr. Guizot. Tudo o que se segue limita-se, para ele, a uma agradável  
alternância entre Tories e Whigs9, ou seja, para ele, ao grande debate entre o Sr. Guizot  
9
O Whig Party, era o partido que reunia as tendências liberais no Reino Unido, e contrapunha-se ao  
Tories Party, de linha conservadora.  
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Tradução da resenha a Guizot, Por que a revolução na Inglaterra foi bem-sucedida?  
e o Sr. Thiers10. Na realidade, porém, é apenas com a consolidação da monarquia  
constitucional que começa o magnífico desenvolvimento e a revolução da sociedade  
burguesa na Inglaterra. Onde o Sr. Guizot vê apenas uma calma suave e uma paz idílica,  
na realidade desenvolveram-se os conflitos mais violentos, as revoluções mais  
decisivas. Primeiro, sob a monarquia constitucional, a manufatura se desenvolveu a  
uma escala até então desconhecida, para então dar lugar à grande indústria, à máquina  
a vapor e às fábricas gigantescas. Classes inteiras da população desaparecem, novas  
classes tomam seu lugar, com novas condições de vida e novas necessidades. Surge  
uma nova burguesia, ainda mais colossal; enquanto a velha burguesia luta contra a  
Revolução Francesa, a nova burguesia conquista o mercado mundial. Ela se torna tão  
poderosa que, mesmo antes que a lei de reforma lhe conceda poder político direto, já  
obriga seus oponentes a promulgar leis quase exclusivamente em seu interesse e de  
acordo com suas necessidades. Ela conquista representação direta no Parlamento e a  
utiliza para destruir os últimos resquícios de poder real que restavam à propriedade  
fundiária. Ela está, finalmente, neste momento, ocupada em demolir completamente o  
belo edifício da Constituição inglesa, diante do qual o Sr. Guizot permanece admirado.  
E enquanto o Sr. Guizot elogia os ingleses por não terem deixado que os  
excessos repreensíveis da vida social francesa, o republicanismo e o socialismo, os  
pilares fundamentais da monarquia que traz a felicidade, não abalaram os alicerces da  
monarquia, enquanto na Inglaterra as diferenças de classe na sociedade atingiram um  
nível sem igual em nenhum outro país, onde uma burguesia com riqueza e força  
produtiva incomparáveis se contrapõe a um proletariado igualmente incomparável em  
termos de poder e concentração. O reconhecimento que o Sr. Guizot presta à Inglaterra  
resume-se, portanto, ao fato de que aqui, sob a proteção da monarquia constitucional,  
se desenvolveram elementos de uma revolução social muito mais numerosos e muito  
mais radicais do que em todos os outros países do mundo juntos.  
Quando os fios do desenvolvimento inglês convergem para um ponto crucial  
que ele próprio não consegue mais resolver com meras frases políticas, o senhor  
Guizot recorre a frases religiosas, à intervenção armada de Deus. Assim, por exemplo,  
o espírito de Deus repentinamente se apodera do exército e impede Cromwell de se  
proclamar rei, etc. etc. Guizot salva sua consciência por meio de Deus e salva-se do  
público profano por meio do estilo.  
10  
Thiers, Louis-Adolphe (1797-1877) Historiador e estadista francês, orleanista; Primeiro-Ministro  
(1836, 1840); Deputado da Assembleia Nacional Constituinte em 1848; Presidente da República (1871  
a 1873), executor da Comuna de Paris.  
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Karl Marx/Friedrich Engels  
De fato, não apenas les rois s'en vont11, mas também les capacités de la  
bourgeoisie s'en vont12*.  
Como citar:  
MARX/ENGELS. Resenha a Guizot: Por que a revolução na Inglaterra foi bem-sucedida?  
Conferência sobre a história da Revolução Inglesa. Trad. por Ronaldo Vielmi Fortes.  
Verinotio, Rio das Ostras, v. 30, n. 2, pp. 482-488, 2025.  
11 os reis vão embora  
12 as capacidades da burguesia vão embora  
*
Em seu artigo “Marx e o problema da decadência ideológica” [in: LUKÁCS; Marx e Engels como  
historiadores da literatura; São Paulo: Boitempo, 2016; p. 100] Lukács faz uma instrutiva relação dessa  
frase final com um trecho de O 18 Brumário, afirmando que a passagem “oferece um fundamentação  
epigraficamente condensada” da sentença a seguir: “A burguesia tinha a noção correta de que todas as  
armas que ela havia forjado contra o feudalismo começavam a ser apontadas contra ela própria, que  
todos os recursos de formação que ela havia produzido se revelavam contra a sua própria civilização,  
que todos os deuses que ela havia criado apostataram dela” (MARX, O 18 brumário de Luís Bonaparte;  
São Paulo: Boitempo, 2011; p. 80).  
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