DOI 10.36638/1981-061X.2025.30.2.770  
Forças sociais de produção como forças do  
capital: as forças produtivas do trabalho sob a  
produção capitalista na obra de Karl Marx  
Social forces of production as forces of capital: the  
productive forces of labor under capitalist production  
in the work of Karl Marx  
Lucas de Oliveira Maciel*  
Resumo: Em sua obra econômica desenvolvida,  
Abstract: In his developed economic work, Marx  
deals with the relationship between workers  
and the means of production, considering its  
configuration under capitalist conditions. In this  
sense, among other aspects, he reflects on the  
subordination of real producers to the objective  
conditions of labor, which appear not as their  
own forces, but as those of capital itself. The  
purpose of this article is to show Marx's  
understanding of the issue and to clarify the  
process by which social forces submit to the  
self-valorization of value. We will see that, on  
the one hand, the impetus of capital to produce  
surplus value leads it to the constant revolution  
of the means of production, and thus brings  
with it the development of material wealth; on  
the other hand, this same trait keeps the worker  
trapped in relations of subordination, in which  
the means of his activity confront him as means  
of his enslavement.  
Marx trata da relação entre trabalhadores e  
meios de produção tendo em vista  
a
conformação desta sob condições capitalistas.  
Nesse sentido, entre outros aspectos, reflete  
sobre a subordinação dos produtores reais às  
próprias condições objetivas de trabalho, as  
quais aparecem, não como forças suas, mas do  
próprio capital. O intuito do presente artigo é  
mostrar a compreensão marxiana da questão, e  
esclarecer o processo segundo o qual forças  
sociais de produção se submetem  
à
autovalorização do valor. Veremos que se, por  
um lado, o ímpeto do capital de produção de  
mais-valor o leva à revolução constante dos  
meios de produção, e, desse modo, traz consigo  
o desenvolvimento da riqueza material, por  
outro, esse mesmo traço mantém o trabalhador  
preso a relações de subordinação, nas quais os  
meios de sua atividade se lhe defrontam como  
meios de sua escravização.  
Keywords: Social forces; technique; capital;  
surplus value; Karl Marx.  
Palavras-chave: Forças sociais; técnica; capital;  
mais-valor; Karl Marx.  
Introdução  
Não raro, ao se falar da obra de Karl Marx, refere-se à categoria dos meios de  
produção [Produktionsmittel]. Em O capital, no Capítulo 5 do Livro I (2017a, pp. 255-  
74), ela reúne em si as noções de meios de trabalho [Arbeitsmittel] e objeto de trabalho  
[Arbeitsgegenstand]. Este se refere às coisas que, fruto de trabalho prévio ou  
imediatamente encontradas na natureza, o ser humano modifica para criar algo útil  
para si. Essa modificação, por sua vez, se dá com algum meio de trabalho, que “é uma  
*
Mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Bacharel em direito e em filosofia pela  
mesma instituição. E-mail: lucas.maciel@gmail.com.  
ISSN 1981 - 061X v. 30, n. 2 jul.-dez., 2025  
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Lucas de Oliveira Maciel  
coisa ou um complexo de coisas que o trabalhador interpõe entre si e o objeto do  
trabalho e que lhe serve de guia de sua atividade sobre esse objeto” (MARX, 2017a,  
p. 256).  
Tais considerações se encontram em contexto em que o autor descreve as  
condições do processo de trabalho em geral, abstraída qualquer forma social específica  
em que este se dá. Porém, o intuito é, em seguida, adentrar o que é próprio da forma  
capitalista da produção, em que se produz para criar mais-valor, e, com isso, acumular  
capital.  
No capítulo anterior, Marx mostra que a troca mercantil, por si só, não gera  
mais-valor, pois “o processo de circulação de mercadoria exige a troca de  
equivalentes” (MARX, 2017a, p. 235). Esta é mera mudança de forma em que o valor  
se conserva, de modo que não permite acumulação de capital.  
O cenário muda ao se adentrar o “terreno oculto da produção” (MARX, 2017a,  
p. 250). Nele se torna possível explicar a origem do mais-valor, e, assim, da  
acumulação de capital. Por tal motivo, Marx explica, em primeiro momento, aspectos  
gerais do processo de trabalho, para, em seguida, tratar da especificidade da produção  
capitalista, em que meios de produção, ainda que operem a partir de suas  
determinações gerais, inafastáveis, subordinam-se a essa forma específica de produção  
e apropriação da riqueza que é a capitalista.  
O intuito do presente artigo é explorar uma das dimensões dessa subordinação:  
sob condições capitalistas, os meios de produção, ou as condições objetivas de  
trabalho aparecem diante do trabalhador como forças próprias do capital,  
independentes dos produtores reais e subordinadas a uma finalidade que não lhe diz  
respeito, que é a autovalorização, não a satisfação de necessidades humanas. O capital,  
por óbvio, não pode deixar de satisfazer necessidades, mas isso se torna mero  
substrato da acumulação, mal necessário sem o qual o valor não se valoriza.  
O que se pretende é, pois, explorar a relação subordinada em que as condições  
objetivas de trabalho, em especial os meios de trabalho, se defrontam com o  
trabalhador como potências do capital, não suas, e fazê-lo no interior da obra  
econômica desenvolvida do autor. Nosso foco será os Livros I e III de O capital, os  
Grundrisse, o Capítulo VI (inédito), e os Manuscritos de 1861-1863. Nosso propósito é,  
pois, por meio de análise imanente da obra marxiana1, investigar tal caráter do capital  
constante e do capital fixo, da maquinaria, diante dos produtores. Dito de outro modo,  
1 Por “análise imanente ou estrutural” (CHASIN, 2009, p. 25), entende-se o tratamento do texto em  
análise como algo objetivo, com determinações próprias, independentes do leitor, e que se visam  
explicitar.  
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trata-se de averiguar de que modo o trabalhador, sob condições capitalistas, se coloca  
diante das condições objetivas de seu próprio trabalho2, ou como estas vieram a se  
tornar algo independente daquele, o qual a elas se subordina em vez de subordiná-  
las.  
Essa relação, ver-se-á, coloca-se de modo tenso, pois nela se opõem produtor e  
condições de produção. De um lado, desenvolvem-se as forças produtivas do trabalho;  
de outro, avilta-se o trabalhador, que se torna mero mecanismo da máquina, uma vez  
que a trabalha subordinado ao imperativo de criar mais-valor, e, desse modo, o faz,  
muitas vezes, sob jornadas de trabalho exaustivas, intensas, sob condições de trabalho  
precárias. Seus meios de trabalho não são meios de satisfação de necessidades, mas  
instrumentos de autovalorização do capital.  
Diante disso, verificar-se-á a posição de Marx quanto à supressão de tal estado  
de coisas. As próprias relações capitalistas colocam os pressupostos de sua própria  
supressão, de modo que se verão quais são as possibilidades colocadas pelo próprio  
movimento do capital. Ressaltar-se-á, ainda, que tal supressão não se dá por si mesma,  
mas requer que se remeta para além das categorias que regem o modo de produção  
capitalista.  
Ao se falar na subordinação do produtor a seus meios de trabalhos, e que estes  
aparecem como força do capital, é possível pensar na categoria do estranhamento  
[Entfremdung], cuja mais conhecida e explícita descrição se encontra nos assim  
chamados Manuscritos econômico-filosóficos, de 1844, nos quais se encontram  
afirmações como as de que, sob condições modernas, “o objeto [Gegenstand] que o  
trabalho produz, o seu produto, se lhe defronta como um ser estranho [fremdes Wesen],  
como um poder independente do produtor” (MARX, 2004, p. 80). O capítulo “Trabalho  
estranhado e propriedade privadaé, talvez, o mais conhecido escrito do autor a esse  
respeito.  
Não obstante, a referida obra se encontra em período da trajetória do pensador  
que muitos denominam a do “jovem Marx”, à qual contrapõe, como ruptura brusca  
com as posições de tal momento, o “Marx maduro”, ou o “Marx marxiano3. Isso, de  
2 Não trataremos, pois, dos textos de Marx acerca da cooperação simples, da divisão do trabalho e da  
manufatura, ainda que guardem relação com o tema. Nossa ênfase serão as reflexões sobre o “modo de  
produção especificamente capitalista desenvolvido [entwickelten spezifisch-kapitalistischen  
Produktionsweise]” (MARX, 2022, p. 88), no qual, como afirma o autor, há a “subsunção real” (MARX,  
2017a, p. 578) do trabalho sob o capital, o que ocorre com o desenvolvimento da maquinaria e da  
grande indústria.  
3
Para exemplos de posições nesse sentido, ainda que diversas entre si, cf. Althusser (2015); Draper  
(2011).  
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todo modo, não impede que autores de posição divergente reconheçam não mera  
ruptura, mas continuidades e descontinuidades ao longo da obra marxiana. O autor  
dessas linhas adere a tal posição, e o presente trabalho, na linha de J. Chasin (2009,  
p. 57), toma por premissa que a Crítica da filosofia do direito de Hegel, redigida em  
1843, representa “o início do traçado de uma nova posição ontológica que os textos  
subsequentes [...] confirmam, reiteram e desenvolvem num largo e complexo processo  
de elaboração”.  
É necessário, reconhecer, de qualquer modo, que em 1844 o pensamento  
econômico de Marx era ainda bastante incipiente. Categorias imprescindíveis para a  
compreensão da sociedade capitalista, como valor, ainda não eram bem  
compreendidas pelo pensador4. Sua reflexão sobre o estranhamento parte, em tal  
ponto, da relação do trabalhador com seu produto, com sua atividade, com os demais  
indivíduos e com o gênero humano, a partir do que se pretende explicar a propriedade  
privada (MARX, 2004, p. 87).  
Em sua obra econômica madura, por outro lado, desenvolve-se com maior  
afinco o mecanismo de funcionamento das “sociedades onde reina o modo de  
produção capitalista” (MARX, 2017a, p. 113). A mola propulsora de tal forma de  
sociedade, a produção de mais-valor, à qual se subordina a riqueza real, os valores de  
uso, permite compreender como é possível que as condições objetivas de trabalho  
apareçam diante dos produtores como forças independentes deles e às quais eles se  
subordinam. Nesse sentido, ver-se-ão, ao longo do artigo, expressões como potência  
estranha [fremde Macht] e figura estranhada [entfremdete Gestalt], que aparecem como  
meios de caracterizar o processo aqui descrito. Desse modo, o presente trabalho  
explicita tais expressões à medida que apareçam na exposição marxiana, ainda que  
não como meio de traçar linha de continuidade direta entre os escritos de Marx de  
1844 e os de 1857 em diante. Seja como for, fato é que Marx, ao descrever o capital  
4
Com efeito, em 1844, Marx, em crítica a Mill e a Ricardo, afirma: “Se é uma lei constante que, por  
exemplo, os custos de produção determinam em última instância o preço (valor) ou sobretudo quando,  
periodicamente, acidentalmente, a oferta e a demanda se equilibram , também é uma lei não menos  
constante que esta compensação não se dá; ou seja: entre valor e custos de produção não há uma  
relação necessária. De fato, a oferta e a demanda só se equilibram momentaneamente, depois de  
flutuações precedentes e em consequência da disparidade entre custos de produção e valor de troca;  
estas flutuações e esta disparidade serão sucedidas, novamente, por um equilíbrio momentâneo. Este  
movimento real, do qual a lei é apenas um momento abstrato, contingente e unilateral, é tomado pelos  
economistas como acidental e não essencial. Por quê? Porque se os economistas quisessem enunciar  
este movimento abstratamente, deveriam, dentre as fórmulas penetrantes e exatas às quais reduzem a  
economia política, escolher a fórmula fundamental: na economia política, a lei é determinada pelo seu  
contrário isto é, a ausência de leis. A verdadeira lei da economia política é o acaso e nós, cientistas,  
fixamos arbitrariamente alguns momentos do movimento do acaso sob a forma de leis.” (MARX, 2015,  
pp. 199-200) Nesse momento, o autor rejeita a possibilidade de fixar uma lei que permita a  
compreensão da determinação do valor das mercadorias. A oferta e a demanda mostrariam que a  
realidade da troca mercantil é o acaso.  
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como força autônoma que subordina a si os produtores reais, o descreve como  
potência estranha.  
Reflexões sobre as condições objetivas de trabalho não são estranhas à  
Filosofia do século XX, seja dentro ou fora do marxismo. Já em História e consciência  
de classe, de György Lukács, se encontra a afirmação, de influência weberiana, de que  
o processo produtivo da mercadoria se baseia no “princípio da racionalização baseada  
no cálculo” (LUKÁCS, 2018, p. 202). A racionalização do processo de trabalho é  
indissociável de um processo de produção voltado para a produção mercantil, em que  
o ser humano é incorporado a um sistema mecânico independente dele e ao qual deve  
se submeter (LUKÁCS, 2018, p. 204). O desenvolvimento histórico da imposição de  
uma racionalização crescente do trabalho vem junto de sua mecanização, e vai “d[o]  
artesanato, passando pela cooperação e pela manufatura, até a indústria mecânica”  
(LUKÁCS, 2018, p. 201). São indissociáveis, nesse sentido, racionalização e produção  
mercantil, e o desenvolvimento de ambas caminha junto ao desenvolvimento da  
divisão do trabalho e de seus meios técnicos.5  
Em sua leitura de Herbert Marcuse, Jürgen Habermas (1968, p. 48) afirma que  
que, dado o “aumento das forças produtivas institucionalizado pelo progresso técnico-  
cientifico”:  
O pensamento de que as relações de produção pudessem medir-se  
pelo potencial das forças produtivas desenvolvidas fica cerceado pelo  
facto de que as relações de produção existentes se apresentam como  
a forma de organização tecnicamente necessária de uma sociedade  
racionalizada.  
Desse modo, à institucionalização da técnica e da ciência como instrumentos  
de racionalização da produção corresponderiam as relações de produção próprias do  
capitalismo. O desenvolvimento da indústria tornaria a técnica e a ciência as principais  
forças produtivas, de modo que a produção de mais-valor se tornaria independente  
da força de trabalho (HABERMAS, 1968, pp. 72-3). Nos termos do autor de Teoria da  
ação comunicativa, a relação entre racionalidade e dominação é afirmada de modo a  
pretensamente refutar a teoria econômica de Marx.  
Esses dois autores, trazidos a título de exemplo, nos mostram a variedade de  
reflexões acerca dos temas mencionados. Não se pretende, porém, discutir a correção  
ou incorreção das críticas a Marx ou das reivindicações de seu nome. Evidencia-se, de  
todo modo, não só a relevância do tema discutido no presente trabalho, como a  
importância de retomar a posição do pensador alemão nesse âmbito, uma vez que sua  
5 Como aponta Musto (2022, p. 215), Lukács revisaria suas posições (cf. LUKÁCS, 2018, p. 27).  
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figura, bastante conhecida por seu tratamento do processo de trabalho e de sua  
extensa teoria econômica, no interior da qual discorre sobre as condições objetivas da  
produção, paira sobre as reflexões posteriores sobre o assunto. Justifica-se, pois, a  
retomada dos textos do autor de O capital.  
Para além das obras de filosofia, o tópico também se justifica uma vez que nos  
encontramos diante de um mundo cada vez mais automatizado, com revoluções  
tecnológicas constantes, no qual, porém, o progresso técnico não se reverte  
necessariamente em maior bem estar e tempo livre para aqueles que trabalham. Por  
exemplo, a gigante Amazon iniciou, em 2022, a entregar seus produtos por meio de  
drones (SYOZI, 2022). Um ano antes, seu fundador, Jeff Bezos, viajou para o espaço  
em empreendimento financiado por outra empresa sua, a Blue Origin. O intuito seria  
tornar a viagem espacial mais acessível, e buscar recursos naturais e energia fora da  
Terra, com o fim de beneficiar o planeta (WATTLES, 2021). Por outro lado, em 2022  
e 2023, a Amazon foi alvo de investigações levadas a cabo pelo US Department of  
Labor, em que a empresa foi acusada de violar medidas de garantia de saúde e  
segurança de seus empregados (WASHINGTON, 2022; 2023). As infrações incluem  
exigência de horas longas para cumprimento de tarefas, imposição de levantamento  
de cargas de peso elevado, alta frequência de levantamento de pacotes, ausência de  
registro de doenças e lesões dos empregados. Verificou-se a presença de  
trabalhadores com distúrbios osteomusculares. Membros do comitê organizador da  
Amazon Labour Union relataram jornadas extensas, de dez horas diárias com hora  
extra obrigatória, 60 horas semanais, convívio com colegas infectados com a Covid-  
19, e linhas de montagem forçada e progressivamente rápidas (GRUENBERG, 2022).  
De um lado, pois, progresso, automação e riqueza material, de outro, exploração da  
força de trabalho por meio de jornadas exaustivas, e desconsideração com a saúde e  
segurança do trabalhador.  
De modo semelhante, as crescentes notícias sobre o desenvolvimento rápido  
da Inteligência Artificial geram, de um lado, empolgação, de outro receio. Segundo o  
grupo Goldman Sachs (TOH, 2023), o uso da IA na indústria “pode aumentar a  
produtividade do trabalho”. Contudo, estima-se, também, que até um quarto do  
trabalho nos Estados Unidos e na Europa pode ser feito inteiramente por Inteligência  
Artificial. O FMI, por sua vez, estima que 40% dos empregos mundiais serão afetados  
por IA, com possível aumento das desigualdades sociais (TOH, 2024). Surge, ainda,  
novo mercado de trabalho precarizado, voltado para o fornecimento de dados para a  
IA. Conforme matérias da BBC Brasil (SMINK, 2023; BRITO; VILICIC, 2024), milhares  
de trabalhadores, no Brasil e no mundo, recebem salários miseráveis, inferiores a U$  
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Forças sociais de produção como forças do capital  
2 por hora, e em torno de R$ 500 por mês no Brasil, para a prestação de serviços  
voltados ao “treinamento” de ferramentas de Inteligência Artificial. O que poderia se  
tornar tempo livre se torna risco de desemprego e aumento de precarização.  
Diante de tal cenário, justifica-se o retorno ao autor que tratou extensivamente  
da relação entre o ser humano e seus próprios instrumentos. Como se verá, o  
desenvolvimento das forças produtivas sob o imperativo do capital se dá de modo  
tenso: de um lado, progresso, redução do tempo de trabalho necessário, aumento de  
produtividade, de outro, estranhamento, dominação, aumento das jornadas de  
trabalho, intensificação do trabalho. O autor alemão merece, pois, que nos voltemos  
às suas ideias.  
O texto se divide em três partes: primeiro, veremos em que consiste a diferença  
específica do capital no que toca ao processo de trabalho. Cabe ver, porém, sua  
especificidade sob condições capitalistas. Segundo, veremos como, tendo em vista a  
diferença específica do processo de produção sob a égide do capital, o trabalhador se  
defronta com as condições objetivas do próprio trabalho. Tal defrontamento, veremos,  
ocorre de modo que, por um lado, a capacidade produtiva humana se desenvolve, e,  
por outro, o trabalhador se rebaixa, e suas forças sociais de produção se lhe defrontam  
como forças do capital. Por fim, veremos em que sentido, diante dessa relação  
contraditória, colocam-se possibilidades para o livre desenvolvimento individual, o  
qual requer, contudo, a supressão do capital.  
O capital diante do processo de trabalho em geral  
Independentemente da forma de sociedade, há determinações comuns a todo  
processo de trabalho, o qual, segundo Marx (2017a, p. 257) é sempre “atividade  
orientada a um fim”. Ao tomar por ponto de partida o objeto de trabalho (aquilo sobre  
que se trabalha), o meio de trabalho (aquilo com que se trabalha), e determinada  
atividade, a qual, como adiantado, determina-se a partir de certa finalidade, o ser  
humano trabalha, e, assim, produz algo necessário para sua reprodução, qualquer que  
seja a formação social em que isso se dê (MARX, 2017a, p. 258).  
Por meio do processo de trabalho, pois, o ser humano modifica a natureza, e  
transforma parte dela em algo útil para si. A atividade viva transforma dado objeto e  
o fixa em nova forma, cuja utilidade se determina pelo uso que o trabalhador pretende  
dele fazer. O produto do trabalho, é, aqui, valor de uso, ou seja, algo cujas  
propriedades servem a quem as utiliza de acordo com os fins particulares de tal sujeito.  
Um valor de uso é produzido por trabalho útil, ou concreto, trabalho específico que  
produz valor de uso específico. Enquanto processo que produz objetos úteis, o  
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trabalho concreto é mediação necessária entre ser humano e natureza (MARX, 2017a,  
p. 120).  
O modo de produção capitalista, nesse sentido, não pode existir sem a  
produção de valores de uso. Porém, o que dá sua diferença6 em relação a outras formas  
sociais é não a produção de objeto úteis, mas categorias próprias de seu  
funcionamento, mais especificamente, o modo de produção capitalista é voltado não  
só para a produção de valor de uso, mas também de valor. Ainda, não se volta somente  
para a produção de valor, mas também para a de mais-valor: “A produção capitalista  
não é apenas produção de mercadoria, mas essencialmente produção de mais-valor.  
O trabalhador produz não para si, mas para o capital.” (MARX, 2017a, p. 578)  
Sob condições capitalistas, pois, não basta tratar da produção de valores de  
uso: a própria forma de sociedade é voltada não simplesmente para a satisfação das  
necessidades humanas, mas para a produção de mercadorias, nas quais se incorpora  
determinado valor, e a partir do que se gera mais-valor. Como o autor afirma no  
primeiro capítulo de O capital, o valor de cada mercadoria se mede pelo “tempo de  
trabalho necessário ou tempo de trabalho socialmente necessário” (MARX, 2017a, p.  
117) para sua produção, a partir do que produtos em que se incorporam a mesma  
quantidade de trabalho podem se trocar uns pelos outros.  
O trabalho, desse modo, não se toma somente em seu sentido útil, o qual é  
comum ao processo de trabalho em geral, mas também em um segundo sentido,  
abstrato, independente do objeto que produz. O trabalho a partir do qual se mede o  
valor é “dispêndio de força humana de trabalho” (MARX, 2017a, p. 121), portanto, no  
momento da permuta entre dois objetos, o que dá a medida das quantidades trocadas  
é o trabalho incorporado ao produto, de modo que “não se leva em conta a diferença  
entre suas formas úteis” (MARX, 2017a, p. 122).  
Com isso, para além da produção de valor de uso, o modo de produção  
capitalista produz, ao mesmo tempo, valor, ambos os quais se fazem presente no  
produto típico dessa formação social, a mercadoria, a qual tem por traço a presença  
não só do valor de uso, mas do valor, ou seja, no que toca a esse último, de  
determinada quantidade de trabalho abstrato que é utilizada de medida no momento  
de sua troca com outras mercadorias.  
A diferença específica do modo de produção capitalista, contudo, dá-se não  
simplesmente pela produção mercantil, mas porque esta é meio de valorização do  
6
Marx aprofunda suas reflexões sobre a relação entre a abstração da produção em geral e a  
consideração da diferença específica de dado modo de produção na Introduçãodos Grundrisse (2011).  
A esse respeito, cf. Heleno (2024), em especial o Capítulo II.  
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Forças sociais de produção como forças do capital  
capital. A troca mercantil é troca entre valores equivalentes, de modo que, por si só,  
não produz mais-valor. A possibilidade deste depende de certa condição histórica: por  
um lado, do surgimento do trabalhador assalariado, enquanto trabalhador separado  
das condições objetivas de seu trabalho, ou seja, dos meios de trabalho e dos objetos  
de trabalho, ou meios de produção, os quais, como vimos, são pressupostos  
indispensáveis do processo de trabalho em geral. Por outro lado, é necessário que  
exista uma classe que seja proprietária de tais meios, e que se defronte, enquanto tal,  
com o trabalhador assalariado.  
Essas classes se veem uma diante da outra no mercado, portanto, enquanto  
proprietários de mercadorias, e com o intuito de trocá-las. Colocam-se, pois, em  
relação de compra e venda. Uma vez, porém, que o trabalhador se vê apartado dos  
meios de produção, só o que possui é sua própria capacidade de trabalho, que se  
torna, então, mercadoria. A relação de troca aqui é, pois, de venda da força de trabalho  
por parte do trabalhador para o capitalista, o qual a emprega para produção, já que  
detém as condições objetivas do processo de trabalho. Esta é a premissa histórica do  
surgimento do capital: “O capital só surge quando o possuidor de meios de produção  
e de meios de subsistência encontra no mercado o trabalhador livre como vendedor  
de sua força de trabalho [...].” (MARX, 2017a, p. 245) Marx deixa claro que não se  
trata de algo próprio do processo de trabalho em geral, independentemente da forma  
social, mas algo específico do modo de produção capitalista, que surge historicamente:  
a natureza não produz possuidores de dinheiro e de mercadorias, de  
um lado, e simples possuidores de suas próprias forças de trabalho,  
de outro. Essa não  
é
uma relação histórico-natural  
[naturgeschichtliches], tampouco uma relação social comum a todos os  
períodos históricos, mas é claramente o resultado de um  
desenvolvimento histórico anterior, o produto de muitas revoluções  
econômicas, da destruição de toda uma série de formas anteriores de  
produção social (MARX, 2017a, p. 244).  
Como vimos, toda produção depende de atividade viva, meios de trabalho e  
objetos de trabalho. Porém, com o capital, esse processo se dá com a relação entre  
trabalhadores que não detêm os meios de produção e os proprietários desses meios.  
Os segundos incorporam os primeiros às condições objetivas de trabalho, e, do que  
antes era separação entre produtor e meios de produção, surge a união: “No processo  
de produção, a separação do trabalhador de seus momentos de existência objetivos –  
instrumento e material é superada [aufgehoben]” (MARX, 2011, p. 290). Essa união  
é inevitável, “porque, caso contrário, não se poderia trabalhar de modo algum” (MARX,  
2011, p. 290).  
O trabalhador produz com os meios de produção alheios, a partir do que surge  
determinado produto. Há processo de trabalho, mas enquanto relação entre  
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trabalhador e capitalista:  
Se, por um lado, o processo de trabalho real é consumo produtivo dos  
valores de uso que entram nele por meio do trabalho, portanto por  
meio da atividade do trabalhador mesmo, por outro lado, ele é na  
mesma  
medida  
consumo  
da  
capacidade  
de  
trabalho  
[Arbeitsvermögens] do trabalhador na medida em que o faz trabalhar.  
(MARX, 2010, p. 107)  
O processo se dá, pois, do seguinte modo: o capitalista compra do trabalhador  
sua força de trabalho, ou seja, sua capacidade de exercer a atividade viva que cria  
valores de uso. O trabalhador coloca essa capacidade à disposição do capitalista, o  
qual consome o produto que comprou ao colocar o trabalhador, durante determinado  
tempo, junto dos meios de produção para produzir determinado objeto. Este, uma vez  
que veio ao mundo a partir de matéria e meios de propriedade do possuidor dos  
meios de produção, a este pertence. O resultado do processo é, como em qualquer  
forma de sociedade, determinado valor de uso. Contudo, para além disso, é  
determinada mercadoria, pertencente ao capitalista, e que, enquanto objeto voltado  
para a venda, possui determinado valor. Este advém, justamente, da quantidade de  
trabalho cristalizada no produto, a qual decorre do emprego do trabalhador  
assalariado no processo de produção. É o trabalhador, portanto, que, por meio de sua  
atividade viva, cria o valor da mercadoria do detentor dos meios de produção.  
O trabalhador, como o vendedor da relação, recebe salário cujo valor  
corresponde ao da mercadoria que vendeu, sua força de trabalho, sendo que “o valor  
da força de trabalho [Arbeitskraft] é o valor dos meios de subsistência necessários à  
manutenção de seu possuidor” (MARX, 2017a, p. 245). A mercadoria vendida pelo  
trabalhador é sua própria capacidade de exercer a atividade viva produtora de valores  
de uso, e sua manutenção se confunde com a manutenção do próprio indivíduo que  
dela dispõe: “A força de trabalho existe apenas como disposição do indivíduo vivo. A  
sua produção pressupõe, portanto, a existência dele. Dada a existência do indivíduo,  
a produção da força de trabalho consiste em sua própria reprodução ou manutenção.”  
(MARX, 2017a, p. 245) A reprodução de tal mercadoria, pois, depende da aquisição,  
por parte do trabalhador, dos meios necessários para que se mantenha vivo e capaz  
de trabalhar. Tais meios, porém, são eles próprios mercadorias, e, por isso, possuem  
também determinado valor. A soma dos valores dos produtos que o trabalhador  
consome dão, pois, o valor que o capitalista paga pela força de trabalho7.  
7 O valor da força de trabalho não se dá por meio de um elemento natural, como uma espécie de mínimo  
absoluto sem o qual o indivíduo não se reproduz enquanto corpo vivo. Antes, o que entra em jogo é  
elemento histórico, uma vez que são os costumes e o modo de vida de cada sociedade que determinam  
o que é necessário para a manutenção do indivíduo. Há, nesse sentido, determinada média social,  
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Torna-se, possível, com isso, explicar a origem do mais-valor: o trabalhador,  
durante sua jornada de trabalho, produz certa quantidade de valor, o qual se incorpora  
às mercadorias produzidas. Contudo, o valor recebido pelo trabalhador, na forma do  
salário, equivalente ao valor de sua força de trabalho, não equivale ao valor produzido  
durante a jornada. Como visto, o valor de sua mercadoria se confunde com os dos  
meios de subsistência necessários para a reprodução da força de trabalho. Caso o  
valor desta seja menor que o incorporado às mercadorias durante a jornada de  
trabalho, o capitalista recebe, em sua troca com o trabalhador, um valor que excede o  
que pagou pelo produto que comprou, ou seja, um mais-valor. Há, pois, criação de  
valor por parte do trabalhador, mas este não o recebe de volta, em sua integridade,  
em seu salário, com o que se constitui, desse modo, o mais-valor nas mãos do  
capitalista.  
A relação entre o valor da força de trabalho e o mais-valor traz à tona outra  
comparação entre o processo de produção capitalista e o processo de trabalho em  
geral. Dada uma jornada de trabalho específica, ela pode ser decomposta entre o  
tempo de trabalho durante o qual o valor produzido retorna ao trabalhador na forma  
de salário e o tempo de trabalho durante o qual se produz mais-valor. Nesse sentido,  
há, por um lado, um “tempo de trabalho necessário”, e, de outro, um “tempo de  
trabalho excedente” (MARX, 2017a, p. 293). Ambos são comuns a distintas formações  
sociais, e cada um assume determinados traços a depender da sociedade em questão.  
Desse modo, no que toca ao tempo necessário, ele “é necessário ao  
trabalhador, porquanto é independente da forma social de seu trabalho, e é necessário  
ao capital e seu mundo, porquanto a existência contínua do trabalhador forma sua  
base” (MARX, 2017a, p. 293). Portanto, independentemente da forma de sociedade,  
determinado tempo de trabalho deve ser despendido para a reprodução do  
trabalhador. Por outro lado, sob a produção capitalista, tal tempo corresponde ao valor  
que permite a reprodução da mercadoria força de trabalho, pressuposto da produção  
de mais-valor.  
Já no que toca ao tempo de trabalho excedente, Marx (2017a, p. 293) afirma:  
“O que diferencia as várias formações econômicas da sociedade, por exemplo, a  
sociedade da escravatura daquela do trabalho assalariado, é apenas a forma pela qual  
esse mais-trabalho é extraído do produtor imediato, do trabalhador.” Também o tempo  
de trabalho excedente, cujo trabalho é mais-trabalho, é comum a distintas formas de  
sociedade. Varia, porém, o modo pelo qual se extrai do produtor a riqueza criada  
modificável no tempo e no espaço, que dá o valor da capacidade de trabalho (MARX, 2017a, p. 246).  
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durante tal tempo. Sob condições capitalistas, isso se dá na forma do mais-valor, valor  
criado durante o tempo de trabalho que excede o tempo de reprodução da força de  
trabalho, e que se incorpora à mercadoria cuja propriedade é do capitalista.  
O processo de produção do capital, pois, não se confunde com o processo de  
trabalho em geral. Este é abstração de elemento comum a toda forma de sociedade,  
uma vez que, enquanto existir ser humano, será necessário que este se mantenha em  
contato com a natureza e produza objetos úteis para a própria existência. O processo  
de trabalho do capital, porém, possui, além desses traços gerais, traços próprios que  
dão sua diferença específica. Trata-se, nesse caso, não simplesmente de produção de  
valor de uso, mas de valor e de mais-valor. Este se converte na finalidade do próprio  
processo produtivo, e dá, pois, a tônica da produção capitalista.  
A possibilidade da autovalorização do valor se dá a partir de pressuposto  
histórico já referido: a separação entre produtor e meios de produção, com o que se  
tem, de um lado, o indivíduo que nada tem para vender a não ser sua força de trabalho,  
e, de outro, o capitalista, proprietário dos meios de produção, que incorpora o primeiro  
a estes, com o que se tem processo de trabalho produtor de mais-valor. É dentro de  
tal cenário, pois, que se dá a produção sob condições capitalistas, e é, portanto, a  
partir de tais pressupostos que se pode entender o lugar das condições objetivas do  
trabalho em tal sociedade.  
As condições objetivas de trabalho como capital  
O processo de trabalho em geral depende de meios de produção, ou seja, de  
meios de trabalho e de objetos de trabalho. A produção capitalista, pois, tem também  
tais elementos como substratos necessários de sua realização. Porém, como visto, eles  
se encontram na posse de uma figura específica, a do capitalista, distinto do produtor,  
o qual é vendedor da força de trabalho, e que cria valor para o primeiro ao ingressar  
no processo produtivo. Os meios de produção, desse modo, também apresentam  
determinações específicas do modo de produção capitalista, e que não se confundem  
com os elementos comuns a toda forma social. Uma vez que a produção capitalista é  
produção de mais-valor, é também a essa função que se subordinam os meios de  
produção nessas condições. Vejamos como se conformam os meios de produção em  
condições capitalistas, e, com isso, os limites impostos pelo capital à relação entre o  
ser humano e as condições objetivas de seu processo de trabalho, entre os indivíduos  
e os meios e objetos de sua atividade viva.  
Enquanto figuras do capital, os meios de produção compõem o que Marx  
denomina capital constante, selo dentro do qual se abarcam todos os elementos do  
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capital que não criam valor, ou seja, que se distinguem da força de trabalho, a qual  
configura o capital variável. O capital constante se forma, pois, a partir dos meios de  
trabalho e dos objetos de trabalho:  
a parte do capital que se converte em meios de produção, isto é, em  
matérias-primas, matérias auxiliares e meios de trabalho, não altera  
sua grandeza de valor no processo de produção. Por essa razão,  
denomino-a parte constante do capital, ou, mais sucintamente: capital  
constante (MARX, 2017a, p. 286).  
Essa parte do capital não cria valor, mas o transfere. Como os próprios meios  
de produção são produto de trabalho passado, eles também possuem valor, o qual,  
na medida de seu uso no processo de trabalho, é transferido para a mercadoria criada:  
“os valores dos meios de produção consumidos reaparecem como componentes do  
valor dos produtos” (MARX, 2017a, p. 277).  
Os meios de produção são condição do processo de trabalho sob qualquer  
forma de sociedade. Dentro da produção capitalista, no entanto, são elementos do  
capital constante, parte do capital que, incorporada ao processo de trabalho, possui  
valor que é transferido ao produto criado, com o que ela própria perde seu valor de  
uso. Os meios de trabalho, parte do capital constante, constituem o capital fixo (MARX,  
2014, p. 241), caso realizem tal transferência gradativamente. Veremos adiante que a  
técnica, sob o capital, aparece de modo mais desenvolvido na forma da maquinaria  
que compõe a grande indústria.  
Os meios de produção, em qualquer forma social, constituem forças produtivas  
do trabalho, ou seja, estão entre os fatores responsáveis pela determinação do tempo  
gasto para a produção de valores de uso. Marx afirma o seguinte a respeito:  
Essa força produtiva do trabalho é determinada por múltiplas  
circunstâncias, dentre outras pelo grau médio de destreza dos  
trabalhadores, o grau de desenvolvimento da ciência e de sua  
aplicabilidade tecnológica, a organização social do processo de  
produção, o volume e a eficácia dos meios de produção e as condições  
naturais. (MARX, 2017a, p. 118)  
Os meios de produção estão entre diversos fatores que configuram as forças  
produtivas do trabalho. Esta noção não se confunde, pois, com o desenvolvimento  
técnico, ainda que o inclua8. Marx, de todo modo, ressalta o caráter fundamental da  
8
Com isso, evidencia-se o equívoco de um autor como Michael Löwy, que fala em termos de “forças  
produtivas capitalistas – ou seja, do aparelho técnico/produtivo capitalista/industrial moderno” (LÖWY,  
2014, pp. 37-8). Mais adequada é a leitura de uma autora como Ester Vaisman, a qual, ao se referir à  
categoria das forças produtivas, diz: “Tal conceito inclui todas as potências humanas de objetivação e  
produção da mundaneidade humana e dos próprios indivíduos. Pertencem a esse complexo categorial  
também as potências intelectuais, o modo da atividade e da colaboração, bem como o desenvolvimento  
científico.” (VAISMAN, 2010, pp. 80-1) De todo modo, não aprofundaremos a questão. Interessa-nos,  
justamente, o fator técnico, o qual, porém, não exaure a categoria das forças produtivas.  
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técnica nesse ponto: “A tecnologia desvela a atitude ativa do homem em relação à  
natureza, o processo imediato de produção de sua vida e, com isso, também de suas  
condições sociais de vida e das concepções espirituais que delas decorrem.” (MARX,  
2017a, p. 446)  
A força produtiva do trabalho remete ao trabalho útil e é produtora de valores  
de uso, com o que é comum a toda forma de sociedade. Quanto mais desenvolvida  
for, menos tempo se gasta na produção, e vice-versa. Uma vez que em toda forma  
social se produz, sempre se requerem meios e objetos de trabalho, e o volume e  
eficácia destes é fator de influência do grau de produtividade do trabalho. Assim coloca  
o autor:  
Naturalmente, a força produtiva é sempre a força produtiva de  
trabalho útil, concreto, e determina, na verdade, apenas o grau de  
eficácia de uma atividade produtiva adequada a um fim, num dado  
período de tempo. O trabalho útil se torna, desse modo, uma fonte  
mais rica ou mais pobre de produtos em proporção direta com o  
aumento ou a queda de sua força produtiva. (MARX, 2017a, p. 123)  
O que os meios de produção garantem, portanto, é determinado grau de  
eficácia do trabalho útil, e, assim, determinada quantidade de valores de uso. Sob o  
capital, a produtividade do trabalho concreto se subordina à produção de mais-valor.  
Os meios de produção são parte do capital, e sua produtividade determina a  
quantidade de valor transferida ao produto final. Ainda que digam respeito às forças  
produtivas, os meios de produção são parte do capital, voltado primariamente não  
para a produção de valores de uso, mas para a autovalorização do valor.  
A subordinação do valor de uso ao valor tem consequências no que toca à  
relação do trabalhador com os meios de produção. No que diz respeito ao processo  
de trabalho em geral, o autor afirma o seguinte:  
Observando-se o processo de produção do ponto de vista do  
processo de trabalho, o trabalhador se relaciona com os meios de  
produção não como capital, mas como mero meio e material de sua  
atividade produtiva orientada para um fim. Num curtume, por  
exemplo, ele trata as peles como seu mero objeto de trabalho. Não é  
para o capitalista que ele curte a pele. (MARX, 2017a, p. 382)  
A relação do produtor com os meios e objetos de trabalho consiste  
simplesmente, de seu ponto de vista, em sua relação como instrumentos de sua  
atividade na produção de valores de uso. Guiado por determinado fim, o trabalhador  
intervém na natureza e a modifica de modo a produzir algo de utilidade para si, sem  
necessidade de responder a uma figura distinta dele que o emprega. De modo diverso,  
“do ponto de vista do processo de valorização” (MARX, 2017a, p. 382):  
Os meios de produção convertem-se imediatamente em meios para a  
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sucção de trabalho alheio. Não é mais o trabalhador que emprega os  
meios de produção, mas os meios de produção que empregam o  
trabalhador. Em vez de serem consumidos por ele como elementos  
materiais de sua atividade produtiva, são eles que o consomem como  
fermento de seu próprio processo vital, e o processo vital do capital  
não é mais do que seu movimento como valor que valoriza a si mesmo.  
(MARX, 2017a, p. 382)  
A relação se inverte. Os meios de produção não são meios do trabalhador, mas  
meios do capital, o qual, como visto, incorpora a si o próprio trabalhador: “não é o  
trabalhador que utiliza os meios de produção, mas os meios de produção que utilizam  
o trabalhador” (MARX, 2022, p. 59). Uma vez que o norte do processo produtivo é o  
mais-valor, trata-se de submeter a tal objetivo o trabalho, o qual, com a criação  
mercantil, engendra novo valor, que se cristaliza na mercadoria produzida, e, com isso,  
compõe o capital. Este submete o trabalho vivo ao trabalho morto, consome a  
atividade vital do trabalho como meio de sua própria conservação e valorização: “Não  
é o trabalho vivo que se realiza no trabalho objetivado como seu órgão objetivo, mas  
é o trabalho objetivado que é mantido e aumentado pela absorção de trabalho vivo.”  
(MARX, 2022, p. 59) O valor incorporado ao capital se torna o sentido da produção,  
e o trabalho realizado pelo trabalhador é mero instrumento desse processo, é meio de  
incorporar trabalho vivo ao morto. Aquele se submete a este, em vez de tomá-lo como  
seu resultado e como instrumento de satisfação de necessidades dos próprios  
produtores.  
Desse modo, os meios de produção se defrontam com o trabalhador não como  
meios de realização de sua atividade vital, mas como capital, como instrumentos de  
valorização do valor. As forças produtivas do trabalho se tornam, desse modo, forças  
produtivas do capital, independentes do trabalhador e a ele opostas. Nesse sentido,  
afirma Marx:  
O valor, o trabalho objetivado, obtém essa relação com o trabalho  
vivo somente na medida em que a capacidade de trabalho como tal  
se opõe a ele, isto é, na medida em que as condições objetivas do  
trabalho [...] se opõem a ele em autonomia separada, sob o controle  
de uma vontade estranha [fremden Willens]. (MARX, 2010, p. 110)  
O capital é, pois, relação em que se produz valor cristalizado, morto, acumulado,  
que subordina a si trabalho vivo em vistas de sua autovalorização. Nesse cenário, os  
meios de produção, as condições objetivas do processo de trabalho, comuns a toda  
forma social, aparecem diante do trabalhador como forças do capital, como uma  
vontade estranha à sua, autônoma e que faz frente ao trabalhador. Diz Marx (2022, p.  
59) que o que é, do lado do capital, “autovalorização”, é “empobrecimento do  
trabalhador, que, ao criar valor, o cria como valor que lhe é estranho [fremden]”.  
Como trabalho morto que subordina o vivo, tal relação aparece mesmo como  
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resumo da dominação de classe na sociedade capitalista9: “o domínio dos capitalistas  
sobre os trabalhadores é apenas o domínio das condições de trabalho que se tornaram  
autônomas ante o trabalhador” (MARX, 2022, p. 60). Nesse ponto, Marx fala não só  
das condições objetivas de trabalho, ou seja, dos meios de produção, mas também  
das condições de manutenção da força de trabalho, ou seja, dos meios de subsistência  
do trabalhador, que são mercadorias. Ambas são forças independentes do produtor e  
que o subordinam a si próprias.  
Portanto, a diferença específica do processo de produção do capital, em relação  
ao processo de trabalho em geral, ou seja, a autovalorização do valor como finalidade  
imediata da produção, torna os meios de produção, enquanto componentes do capital,  
do valor acumulado, forças estranhas, as quais aparecem diante dos indivíduos como  
um mecanismo autônomo diante deles, e que os submete à necessidade de  
constantemente se autovalorizar. Os meios de produção, por si sós, nada trazem de  
libertador. Sob condições capitalistas, eles, pelo contrário, agrilhoam os indivíduos ao  
imperativo da produção de mais-valor. A emancipação em relação a tal cenário passa  
pelo desmantelamento da relação capital, pois, dentro dos limites desta, a riqueza e o  
trabalho seguem como vontade independente, como vontade do capital, diante dos  
produtores.  
Capital e desenvolvimento das forças produtivas  
Uma vez que os meios de produção se subordinam à produção de mais-valor,  
suas potências aparecem não como as forças produtivas do trabalho, mas do próprio  
capital. Contudo, ainda que o capital constante seja incapaz de criar valor, há outro  
modo através do qual ele contribui para a extração de mais-valor: o desenvolvimento  
das forças produtivas. Tal caminho nos mostrará os progressos, bem como os limites  
trazidos pelo desenvolvimento da técnica, ou seja, dos meios de trabalho, dentro dos  
limites da produção capitalista.  
Como já visto, os meios de produção estão entre os fatores que desenvolvem  
9 O presente trabalho não poderá aprofundar o tópico da dominação classista sob o capitalismo, o que  
excederia seu objeto. Cabe notar que o Capítulo VI (inédito) possui, nesse ponto, reflexão que ecoa a  
obra A sagrada família, da década de 1840. No primeiro, lê-se: [...] o trabalhador está desde o início  
em posição superior à do capitalista, pois este está enraizado nesse processo de estranhamento  
[Entfremdungsproceß] e encontra nele sua satisfação absoluta, enquanto o trabalhador, como sua vítima,  
está em uma relação de rebeldia desde o início e sente isso como um processo de servidão.” (MARX,  
2022, p. 61) Na primeira obra escrita em coautoria com Engels, por sua vez: “A classe possuinte e a  
classe do proletariado representam a mesma autoalienação [Selbstentfremdung] humana. Mas a primeira  
das classes se sente bem e aprovada nessa autoalienação, sabe que a alienação é seu próprio poder e  
nela possui a aparência de uma existência humana; a segunda, por sua vez, sente-se aniquilada nessa  
alienação, vislumbra nela sua impotência e a realidade de uma existência desumana.” (MARX; ENGELS,  
2011, p. 48)  
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a produtividade do trabalho (ainda que não sejam os únicos), seja na forma do  
desenvolvimento tecnológico, seja na da eficácia dos meios de produção. Tais  
elementos servem, segundo Marx, como fatores de desenvolvimento da produtividade  
do trabalho e, enquanto tais, como forças que permitem aumentar o mais-valor.  
Vejamos como isso se dá.  
O valor de uma mercadoria se determina pelo tempo de trabalho requerido para  
sua produção. O desenvolvimento das forças produtivas, porém, faz com que se reduza  
o tempo de trabalho despendido para a produção de cada valor de uso. Desse modo,  
torna-se possível produzir mais mercadorias em tempo igual ou menor a antes de dado  
desenvolvimento da produtividade do trabalho. Por conseguinte, reduz-se o valor de  
cada mercadoria (MARX, 2017a, p. 118). A consequência disso para a produção de  
mais-valor é a seguinte: caso se tornem mais baratos os produtos que o trabalhador  
consome para a própria manutenção, este requer menos do capitalista em troca de  
sua força de trabalho. Com isso, diminui-se o valor da capacidade de trabalho.  
Já se explicitou que a jornada de trabalho se divide em tempo de trabalho  
necessário e tempo de trabalho excedente. O primeiro remete ao tempo durante o  
qual o valor produzido meramente repõe o valor da força de trabalho, e, assim, retorna  
ao trabalhador na forma do salário. Contudo, se o valor da capacidade de trabalho é  
reduzido, também o é o tempo de trabalho necessário. Evidentemente, isso não implica  
redução da jornada de trabalho, mas extensão do tempo de trabalho excedente,  
durante o qual se produz mais-valor, à parcela de tempo anteriormente ocupada pelo  
tempo de trabalho necessário. Com isso, produz-se mais-valor, produção essa  
denominada por Marx (2017a, p. 390) mais-valor relativo.  
Em contraposição ao aumento da extração de mais-valor pelo prolongamento  
da jornada de trabalho, o mais-valor absoluto, o mais-valor relativo nasce da extensão  
do tempo de trabalho excedente não por modificação do tempo total da jornada, mas  
por redução do tempo de trabalho necessário, intervalo que se preenche por tempo  
de trabalho não pago.  
A extração de mais-valor relativo se dá, pois, por meio de desenvolvimento das  
forças produtivas, que permitem a redução do valor das mercadorias que determinam  
o valor da força de trabalho (adiante, ver-se-á também o papel da intensificação do  
trabalho nesse ponto). O mais-valor, como visto, é a finalidade da produção capitalista,  
a qual subordina a produção de valores de uso ao imperativo da acumulação de capital.  
Se as forças produtivas se tornam fator capaz de aumentar a extração de mais-valor,  
há incentivo, por parte da classe capitalista, ao desenvolvimento dessas forças.  
No âmbito da empresa individual, o aumento da produtividade tem por  
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resultado que “o trabalho excepcionalmente produtivo atua como trabalho potenciado  
ou cria, no mesmo tempo, valores maiores do que o trabalho social médio de mesmo  
tipo” (MARX, 2017a, p. 393). Tal consequência permite o aumento, ainda que  
provisório, da extração de mais-valor pelo capitalista individual. É temporário porque,  
dada a concorrência entre os capitais, os demais, na busca pela maximização de seus  
ganhos, levam também a cabo aperfeiçoamentos nas forças produtivas, até que o  
tempo de trabalho necessário para a produção mercantil no setor se nivele novamente.  
Em suma, o capital individual tem por incentivo o desenvolvimento de sua capacidade  
produtiva porque pode disso extrair mais-valor além da média, no que a livre  
concorrência facilita com que tal progresso se difunda. O mais-valor relativo é, pois, o  
motor que faz com que o capital desenvolva a produtividade do trabalho:  
O desenvolvimento da força produtiva do trabalho no interior da  
produção capitalista visa encurtar a parte da jornada de trabalho que  
o trabalhador tem de trabalhar para si mesmo precisamente para  
prolongar a parte da jornada de trabalho durante a qual ele pode  
trabalhar gratuitamente para o capitalista. (MARX, 2017a, pp. 395-6)  
O capital é, portanto, relação caracterizada pelo constante revolucionamento  
das forças produtivas, e isso em decorrência da caracterização geral de seu processo  
produtivo como processo criador de mais-valor10. É este que coloca como exigência o  
desenvolvimento das forças produtivas, uma vez que estas possibilitam o  
barateamento da força de trabalho e o aumento da parte da jornada de trabalho em  
que o trabalhador produz somente para o capitalista, sem ressarcimento.  
Não por acaso, ao tratar da maquinaria e da grande indústria, Marx afirma: “A  
indústria moderna jamais considera nem trata como definitiva a forma existente de um  
processo de produção. Sua base técnica é, por isso, revolucionária, ao passo que a de  
todos os modos de produção anteriores era essencialmente conservadora.” (MARX,  
2017a, p. 557) Esse revolucionamento constante da produção não seria possível sem  
a extração de mais-valor, na figura do mais-valor relativo, como mola propulsora. No  
entanto, a leitura da passagem marxiana citada mostra que há especificidades da  
indústria moderna e de seu maquinário de que a mera remissão ao mais-valor relativo  
não dá conta. Vejamos quais, bem como os progressos e limites presentes.  
A maquinaria se caracteriza, primariamente, por realizar, em maior quantidade  
e com mais eficiência, o que antes era feito pela ferramenta, o que se dá porque a  
máquina depende de uma força motriz que coloca todo o mecanismo em movimento.  
10  
Nesse sentido, lembra-nos Rosdolsky: “O que distingue radicalmente a produção capitalista em  
relação a todos os modos de produção anteriores é seu caráter universal, seu impulso em relação a  
uma permanente revolução das forças produtivas materiais.” (ROSDOLSKY, 2001, p. 352)  
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Essa força sequer precisa ser humana (MARX, 2017a, p. 450), e aos trabalhadores  
resta a divisão do trabalho em torno da máquina, a qual subordina o trabalhador  
parcial a seu funcionamento:  
A figura autonomizada e estranhada [entfremdete] que o modo de  
produção capitalista em geral confere às condições de trabalho e ao  
produto do trabalho, em contraposição ao trabalhador, desenvolve-se  
com a maquinaria até converter-se numa antítese completa. (MARX,  
2017a, p. 504)  
A relação entre trabalhador e condições objetivas de trabalho aparece, em sua  
forma estranhada, de maneira mais desenvolvida com a maquinaria. O grau maior de  
autonomia desta diante da intervenção humana, aliada, evidentemente, à subordinação  
à extração de mais-valor, faz com que o trabalhador não se veja diante da própria  
capacidade produtiva, mas do poder produtivo do capital. Nesse sentido, um traço  
próprio da maquinaria, o qual, em princípio, independe da forma social em que ela é  
utilizada, conjuga-se com característica própria da produção capitalista para  
engendrar, em seu grau máximo, a subordinação do trabalhador às suas próprias  
condições de trabalho. De um lado, a necessidade de menor atuação humana e, de  
outro, a necessidade de extração de mais-valor. Com isso, gera-se uma divisão do  
trabalho em que o produtor produz de maneira subordinada ao capital.  
Como visto, o desenvolvimento das forças produtivas, sob o capital, dá-se de  
maneira subordinada a seu imperativo, o de extração de mais-valor. Nesse sentido,  
independentemente dos avanços na produtividade industrial, isso se dá de modo  
subordinado à autovalorização do valor, o que quer dizer que, quer se queira, quer  
não, as condições objetivas de trabalho aparecem não como forças produtivas dos  
indivíduos, mas do capital, e, desse modo, a técnica aparece como força do capital.  
Marx vê com bons olhos o desenvolvimento das forças produtivas humanas, e,  
nesse sentido, a maquinaria e a grande indústria exercem papel progressista, ainda  
que dentro de limites capitalistas. O autor afirma: “o capital aqui – de forma  
inteiramente involuntária reduz o trabalho humano, o dispêndio de energia, a um  
mínimo. Isso beneficiará o trabalho emancipado e é a condição de sua emancipação  
[Emanzipation]” (MARX, 2011, p. 585). A redução do tempo de trabalho necessário é  
condição para a emancipação do trabalho. O capital, na ânsia de extrair mais-valor,  
promove o desenvolvimento das forças produtivas e, com isso, reduz o tempo de  
trabalho necessário para estender o tempo de trabalho excedente. Dessa maneira,  
cumpre involuntariamente tarefa emancipatória, ainda que não a conclua.  
O pensador diz o seguinte sobre a redução do tempo de trabalho necessário  
em relação com a emancipação da sociedade:  
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nova fase  
Lucas de Oliveira Maciel  
[Dá-se] o livre desenvolvimento das individualidades e, em  
consequência, a redução do tempo de trabalho necessário não para  
pôr trabalho excedente, mas para a redução do trabalho necessário  
da sociedade como um todo a um mínimo, que corresponde então à  
formação artística, científica etc. dos indivíduos por meio do tempo  
liberado e dos meios criados para todos eles11. (MARX, 2011, p. 588)  
A redução do tempo de trabalho necessário, a qual só é possível com o  
desenvolvimento das forças produtivas, é condição para aumento do tempo livre, e,  
com isso, pressuposto do desenvolvimento individual para além do exigido pelo  
processo produtivo. Quanto mais libertos das exigências do trabalho, mais pode cada  
sujeito se dedicar ao próprio cultivo12. Ainda, em uma sociedade em que os meios de  
produção não se subordinam à extração de mais-valor, e, assim, não aparecem como  
potências estranhas diante dos trabalhadores, esses meios podem novamente se  
tornar instrumentos dos próprios produtores, subordinados, a partir de então, não ao  
capital, mas à autorrealização dos indivíduos em suas relações recíprocas13.  
11  
Na Crítica do Programa de Gotha, Marx, em famosa passagem, relaciona o desenvolvimento da  
sociedade comunista ao desenvolvimento individual, não mais preso à oposição entre trabalho  
intelectual e manual, e em que se desenvolve o trabalho cooperativo e a riqueza social, não mais oposta  
aos indivíduos: “Em uma fase mais elevada da sociedade comunista, depois que a subordinação  
escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho e, consequentemente, a oposição entre trabalho  
intelectual e manual tiverem desaparecido; depois que o trabalho tiver deixado de ser apenas um meio  
de vida, mas se tornado a primeira necessidade vital; depois que, com o desenvolvimento integral dos  
indivíduos, também tiverem aumentado suas forças produtivas, e todas as fontes de riqueza cooperativa  
fluírem mais plenamente só então o horizonte estreito do direito burguês poderá ser totalmente  
ultrapassado e a sociedade [poderá] escrever em sua bandeira: De cada um segundo suas capacidades,  
a cada um segundo suas necessidades!” (MARX, s/d, tradução nossa, com auxílio da ferramenta DeepL)  
(Original: “In einer höheren Phase der kommunistischen Gesellschaft, nachdem die knechtende  
Unterordnung der Individuen unter die Teilung der Arbeit, damit auch der Gegensatz geistiger und  
körperlicher Arbeit verschwunden ist; nachdem die Arbeit nicht nur Mittel zum Leben, sondern selbst  
das erste Lebensbedürfnis geworden; nachdem mit der allseitigen Entwicklung der Individuen auch ihre  
Produktivkräfte gewachsen und alle Springquellen des genossenschaftlichen Reichtums voller fließen –  
erst dann kann der enge bürgerliche Rechtshorizont ganz überschritten werden und die Gesellschaft auf  
ihre Fahne schreiben: Jeder nach seinen Fähigkeiten, jedem nach seinen Bedürfnissen!”). Já no Manifesto  
do partido comunista (2017), Marx e Engels associavam o advento do comunismo ao fim da oposição  
entre desenvolvimento social e individual, no qual o primeiro somente ocorre com base no segundo:  
“No lugar da velha sociedade burguesa [bürgerlichen Gesellschaft] e seus antagonismos de classes surge  
uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento  
de todos.” (MARX; ENGELS, 2017, p. 85)  
12 Acerca da relação entre desenvolvimento das forças produtivas e tempo livre, afirma Rosdolsky: “No  
aspecto quantitativo do trabalho se manifestará em uma redução fundamental do tempo de trabalho e  
na consequente criação e ampliação do tempo livre. Pois, embora tampouco a sociedade socialista  
possa renunciar ao ‘mais-trabalho’, ela estará em condições de reduzir ao mínimo a quantidade de  
trabalho que caberá a cada um dos seus membros, graças ao pleno desenvolvimento das forças  
produtivas.” (ROSDOLSKY, 2001, p. 358) Na mesma linha, lê-se em Mandel: “o desenvolvimento do  
supertrabalho implica também, ao menos no modo de produção capitalista, um enorme  
desenvolvimento das forças produtivas – e eis a sua ‘missão civilizadora’ indispensável É somente nessa  
base que uma sociedade coletiva poderá reduzir ao mínimo a jornada de trabalho simplesmente, sem  
dever ao mesmo tempo recalcar ou mutilar o desenvolvimento universal das possibilidades de cada  
indivíduo” (MANDEL, 1968, p. 110). O tema remete a ponto que não se poderá aprofundar no presente  
trabalho: a assim chamada “centralidade do trabalho”. Nesse sentido, cf. Postone (2014). Para uma  
crítica a Postone, cf. Sartori (2018).  
13 Lukács trata do tema, e, sobre o desenvolvimento comunista da sociedade, afirma: “o comunismo [...]  
é o início real da explicitação das energias autenticamente humanas que o desenvolvimento ocorrido  
até hoje suscitou, reproduziu, elevou contraditoriamente a níveis superiores, enquanto importantes  
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Forças sociais de produção como forças do capital  
Não só a criação de tempo livre permite o cultivo da individualidade. O impulso  
por aumento de produtividade, ligado, no capital, à produção de mais-valor relativo, é  
responsável também pela criação de novas necessidades, as quais se tornariam  
possíveis de desenvolver:  
como aspiração incansável pela forma universal da riqueza, o capital  
impele o trabalho para além dos limites de sua necessidade natural e  
cria assim os elementos materiais para o desenvolvimento da rica  
individualidade, que é tão universal em sua produção quanto em seu  
consumo, e cujo trabalho, em virtude disso, também não aparece mais  
como trabalho, mas como desenvolvimento pleno da própria  
atividade, na qual desapareceu a necessidade natural em sua forma  
imediata (MARX, 2011, p. 256).  
A revolução constante dos meios de produção, e o consequente aumento da  
produtividade e da massa da produção humana, traz consigo o desenvolvimento de  
necessidades humanas para bem além das necessidades naturais, estas entendidas  
enquanto as meramente requeridas para a reprodução do ser humano enquanto ser  
vivo. Por evidente, estas seguem como pressupostos da atividade humana, uma vez  
que os indivíduos precisam, em relação à natureza, como afirma o Marx de 1844, “ficar  
num processo contínuo para não morrer” (MARX, 2004, p. 84). De todo modo, a partir  
das necessidades naturais surgem novas necessidades, as quais são produto do  
desenvolvimento da produção humana e de sua intervenção sobre a natureza. O que  
ocorre, sob o capital, é que, com o progresso constante das forças produtivas, geram-  
se, continuamente e em maior escala, o desenvolvimento também das necessidades.  
Não é por acaso que, ao tratar da mercadoria no primeiro capítulo de O capital, o  
pensador afirma que as necessidades ligadas ao valor de uso “provêm do estômago  
ou da imaginação [Phantasie]” (MARX, 2017a, p. 113). Para além da necessidade  
natural, o impulso por extração de mais-valor relativo e o desenvolvimento das forças  
produtivas traz consigo a ampliação da produção humana, e, com ela, das  
necessidades que se expandem para além da mera garantia de subsistência. Com isso,  
abre caminho para o desenvolvimento da individualidade humana, cultivada a partir  
da criação e satisfação contínua dessas novas necessidades14.  
Contudo, o autor afirma, no Capítulo VI (inédito), em referência ao domínio do  
trabalho morto sobre o vivo, próprio das relações capitalistas, o seguinte:  
conquistas da humanização” (LUKÁCS, 2009, p. 240). Um dos pressupostos, ainda que não o único, de  
tal desenvolvimento, é, como intentamos mostrar: “uma tendência constante de diminuir o tempo de  
trabalho socialmente necessário à reprodução dos homens” (LUKÁCS, 2009, p. 238).  
14 Nesse sentido, diz Rosdolsky: “Assim, graças ao desenvolvimento do capitalismo, prepara-se inclusive  
a solução do problema da personalidade humana e de sua liberdade, colocado pela história. Desse  
ponto de vista, nunca se poderá enfatizar suficientemente a conquista histórica do capitalismo, que  
tantas vezes Marx destaca claramente.” (ROSDOLSKY, 2001, p. 353)  
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essa inversão aparece como o ponto de transição necessário15 para  
promover coercitivamente, à custa da maioria, a criação da riqueza  
como tal, isto é, o desenvolvimento implacável das forças produtivas  
do trabalho social, as únicas que podem constituir a base material de  
uma sociedade humana livre (MARX, 2022, pp. 60-1).  
Pouco depois, arremata: “É o processo de estranhamento [Entremdungsproceß]  
de seu próprio trabalho” (MARX, 2022, p. 61). O desenvolvimento das forças  
produtivas é afirmado, por um lado, como progresso, base de uma sociedade  
emancipada, por outro, sob condições capitalistas, como um processo estranhado, em  
que sua dimensão progressista se desenvolve à custa dos indivíduos, que se submetem  
às condições de seu próprio trabalho.  
Sob condições capitalistas, desse modo, o desenvolvimento das forças  
produtivas não traz o desenvolvimento do indivíduo. No que diz respeito à redução  
do tempo de trabalho necessário não é acompanhada do aumento do tempo livre, uma  
vez que é necessário que exista tempo de trabalho excedente para a extração de mais-  
valor. Não só isso, como a maquinaria exige o prolongamento da jornada de trabalho.  
Uma vez que exige o emprego de menos trabalhadores, mas com aumento de  
produtividade, a maquinaria faz com que a massa de mais-valor extraída pelo capital  
diminua, pois, como vimos, só o trabalho humano cria valor. O modo de compensar a  
perda de trabalho vivo, na forma de trabalhadores dispensados, é aumentar a jornada  
de trabalho dos que restaram;  
Na aplicação da maquinaria à produção de mais-valor reside, portanto,  
uma contradição imanente, já que dos dois fatores que compõem o  
mais-valor fornecido por um capital de dada grandeza, um deles, a  
taxa de mais-valor, aumenta somente na medida em que reduz o outro  
fator, o número de trabalhadores. (MARX, 2017a, p. 480)  
Com a redução da quantidade de trabalhadores requeridos para a produção,  
dado número deles é dispensado. Contudo, se a máquina substitui trabalho, não há,  
como antes havia, produção de valor, mas somente transferência. Reduz-se, pois, a  
quantidade de mais-valor produzido. Deve-se, pois, para compensar essa perda,  
aumentar a jornada de trabalho dos trabalhadores remanescentes, para que produzam  
o mais-valor antes produzido por outros trabalhadores. Desse modo, a massa de mais-  
valor é resguardada, e o mais-valor relativo se torna meio de extração de mais-valor  
absoluto.  
Porém, a partir de determinado ponto do desenvolvimento histórico do capital,  
limites legais, conquistados pelos trabalhadores, são impostos à duração da jornada  
15  
O adjetivo “necessário” [notwendig] pode passar a impressão de uma visão etapista do processo  
histórico, comumente associada a Marx, em especial em virtude de certa leitura stalinista de sua obra.  
Porém, não adentraremos tal tópico, denso por si só. Acerca da questão, cf. Heleno (2019).  
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Forças sociais de produção como forças do capital  
de trabalho, a qual não pode ser prolongada indefinidamente. Surge, então, novo meio  
de aumentar a extração de mais-valor: a intensificação do trabalho, descrita nos  
seguintes termos:  
Diferente, porém, é o que ocorre quando a redução forçada da jornada  
de trabalho, juntamente com o enorme impulso que ela imprime no  
desenvolvimento da força produtiva e à redução de gastos com as  
condições de produção, impõe, no mesmo período de tempo, um  
dispêndio aumentado de trabalho, uma tensão maior da força de  
trabalho, um preenchimento mais denso dos poros do tempo de  
trabalho, isto é, impõe ao trabalhador uma condensação do trabalho  
num grau que só pode ser atingido com uma jornada de trabalho mais  
curta. Essa compressão de uma massa maior de trabalho num dado  
período de tempo mostra-se, agora, como ela é: uma quantidade  
maior de trabalho. (MARX, 2017a, p. 482)  
A extração intensiva de mais-valor, em contraposição à extensiva, dá-se com a  
maior condensação do trabalho dentro dos limites da jornada de trabalho  
regulamentada. Esse preenchimento dos “poros” do período de trabalho é aumento  
da quantidade de trabalho, e, assim, aumento da extração de mais-valor, ainda  
considerado, pois, dentro dos limites do mais-valor relativo.  
Quanto ao desenvolvimento das necessidades, deve-se reiterar que a relação  
do trabalhador com suas condições de produção é uma relação estranhada,  
consequência, justamente, do que dá a diferença específica de tal modo de produção:  
a valorização do valor como sua mola propulsora. O trabalhador se encontra diante de  
suas condições objetivas de trabalho como algo independente dele e que o subordina.  
Desse modo, seu processo de trabalho não lhe aparece como a satisfação de suas  
necessidades, mas como mero momento do movimento do valor, que lhe defronta  
como algo autônomo, e que é, diferentemente das necessidades individuais, a  
verdadeira finalidade do processo produtivo. Desse modo, ainda que crie as condições  
para o cultivo da individualidade, os próprios traços distintivos do capital, a ele  
inerentes, impedem esse desenvolvimento.  
O tema ganha novos contornos no Livro III de O capital. Como anunciado no  
início da obra, o texto discorre sobre “as formas concretas que brotam do processo de  
movimento do capital considerado como um todo”, de modo a se aproximar “passo a  
passo da forma em que se apresentam na superfície da sociedade” (MARX, 2017b, p.  
53). O maior grau de concretude da exposição traz novas determinações que se devem  
considerar no que toca à relação entre os indivíduos e suas condições objetivas de  
trabalho.  
Até então, a acumulação do capital é tomada em termos de mais-valor. A partir  
do Livro III, adentra-se terreno mais próximo “do senso comum dos próprios agentes  
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da produção”16 (MARX, 2017b, p. 53). Ao capitalista que coloca seu capital em  
funcionamento importa não o mais-valor, mas o lucro, ou melhor, a ele aparece o lucro  
e se apaga sua gênese, o mais-valor.  
Ao ingressar no processo produtivo, o capitalista adianta determinada  
quantidade de dinheiro, que se converte em, de um lado, meios de produção, e, de  
outro, força de trabalho. Esse é, para ele, o preço de custo de seu empreendimento,  
do qual, como visto, retira, por meio da atuação do trabalho vivo, mais-valor.  
Porém, o que importa ao capitalista é somente a diferença entre o valor  
excedente adquirido e o valor adiantado. O mais-valor “parece derivar de iguais  
proporções de seus distintos elementos de valor, que consistem em meios de  
produção e trabalho” (MARX, 2017b, p. 60). Desse modo, do ponto de vista do  
capitalista, enquanto agente da produção, apaga-se o fato de que o novo valor criado  
surge somente da fruição do capital variável. Seu lucro parece brotar de seu capital  
como um todo, independentemente da distinção entre capital constante e variável:  
“Agora está claro para o capitalista que esse crescimento de valor tem origem nos  
empreendimentos produtivos realizados com o capital, ou seja, que ele deriva do  
próprio capital, pois depois do processo de produção ele existe e antes não existia.”  
(MARX, 2017b, p. 60)  
Forma-se, desse modo, uma taxa de lucro, dada pela relação entre a quantidade  
de mais-valor produzido e o capital total investido. Ao capitalista importa essa razão  
porque seu negócio envolve o adiantamento de certa quantidade de dinheiro e a  
retirada de mais dinheiro ao fim. É necessário que ele saiba, portanto, quanto ganha  
e quanta gasta, ou melhor, quanto investimento se requer para gerar dado lucro.  
Interessa-lhe, pois, a relação entre valor excedente adquirido e capital total adiantado,  
independentemente da composição deste.  
Não importam aqui os meandros da reflexão marxiana sobre a taxa de lucro17.  
A apresentação bastante esquemática das referidas categorias do Livro III de O capital  
acima feita foi somente na medida do necessário para tratar do tema do presente  
trabalho, a subordinação do trabalhador às suas condições objetivas de trabalho, que  
se lhe defrontam não como forças suas, mas forças do próprio capital.  
Como visto, o desenvolvimento da grande indústria traz consigo a dispensa de  
16 Sobre o aparecimento do capital na superfície da sociedade e as formas de consciência dos agentes  
da produção que daí brotam, cf. Grespan (2019). O tópico não poderá ser aprofundado no presente  
trabalho, o qual requer, porém, remissão ao Livro III d’O capital, e por isso precisa se referir a tal assunto.  
17  
No Livro III de O capital (2017b), a taxa de lucro se forma como taxa geral de lucro, em que os  
distintos capitais individuais, por meio da concorrência, se distribuem nos diferentes ramos produtivos.  
Formam-se preços de produção das mercadorias, que não se confundem com seus valores, e que  
representam a distribuição do mais-valor nelas contido.  
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trabalho vivo, que exige, para que não se reduza o mais-valor, o prolongamento da  
jornada de trabalho ou sua intensificação. No entanto, dada a necessidade do  
capitalista de se voltar à taxa de lucro, outro fator entra em questão: a economia no  
emprego do capital constante (MARX, 2017b, p. 105).  
Se, ao se tratar do lucro, se leva em consideração todo o capital adiantado, e  
se a taxa de lucro é a razão entre a massa de mais valor e o capital total, torna-se  
evidente que um meio de aumentar tal taxa é reduzir os gastos com o capital constante.  
Assim diz Marx (2017b, p. 108): “Tendo sido dado o mais-valor, a taxa de lucro só  
pode ser aumentada mediante a redução do valor do capital constante requerido para  
a produção de mercadorias.”  
A questão apresenta, porém, dupla dimensão. Por um lado, a economia no  
emprego dos meios de produção é algo tornado possível pelo fato de que a produção  
capitalista é produção em larga escala, em que as condições de produção “funcionam  
como condições do trabalho social, socialmente combinado, ou seja, como condições  
sociais do trabalho” (MARX, 2017b, p. 107). Os meios de produção são consumidos  
coletivamente, por trabalhadores aglutinados, não fragmentados, “pelo trabalhador  
coletivo [Gesamtarbeiter]” (MARX, 2017b, p. 107). Há, pois, componentes do capital  
constante que, em virtude de tais condições de produção, não se desgastam com a  
mesma frequência que outros. Marx (2017b, p. 107) dá os seguintes exemplos:  
Numa grande fábrica, com um ou dois motores centrais, os custos  
desses motores não aumentam na mesma proporção de seus cavalos  
-vapor e, por conseguinte, de sua esfera possível de atuação; os  
custos da maquinaria de transferência não aumentam na mesma  
proporção da massa das máquinas de trabalho às quais elas  
transmitem o movimento; o tronco da própria máquina de trabalho  
não se encarece na mesma proporção do número crescente das  
ferramentas com as quais ela funciona como com seus órgãos etc. A  
concentração dos meios de produção economiza construções  
subsequentes de todo tipo, não apenas para os ateliês propriamente  
ditos, mas também para os locais de armazenamento etc. O mesmo  
ocorre com os gastos relacionados a queima de combustíveis,  
iluminação etc. As outras condições de produção permanecem as  
mesmas, independentemente de serem utilizadas por poucos ou por  
muitos.  
Tal tipo de economia é, portanto, possibilitada pelo caráter social, não isolado,  
da produção, em que a riqueza é criada pelos trabalhadores reunidos. A produção  
social possibilita o menor desgaste dos meios de produção consumidos.  
Por outro lado, como adiantado, essa economia é, ao mesmo tempo, exigida  
para o aumento da taxa de lucro. O próprio caráter social da produção, nesse sentido,  
gera ganhos ao capitalista, pois:  
o desenvolvimento da força produtiva do trabalho em um ramo de  
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produção por exemplo, na produção de ferro, carvão, máquinas, na  
construção etc., desenvolvimento que, em parte, pode estar vinculado  
aos progressos no terreno da produção espiritual, especialmente da  
ciência da natureza e sua aplicação aparece como condição do  
decréscimo do valor e, com isso, dos custos dos meios de produção  
em outros ramos industriais, como a indústria têxtil ou a agricultura  
(MARX, 2017b, p. 109).  
O trabalho social desenvolve forças produtivas. Com isso, reduz o valor de  
mercadorias que, em outros ramos da indústria, serão consumidas como capital  
constante. Com essa redução, aumenta a taxa de lucro de tais ramos. Nesse ponto, o  
que ocorre é que “o capitalista utiliza aqui [...] as vantagens do sistema inteiro da  
divisão social do trabalho” (MARX, 2017b, p. 110).  
No entanto, o capitalista pode se esforçar, ainda, para economizar seu próprio  
capital constante. Para tanto, pode-se valer de meios variados, como a concentração  
de seus trabalhadores em um mesmo edifício, a exigência de maior disciplina e menos  
desperdício por parte dos trabalhadores, a garantia de piores condições de trabalho  
para os empregados, entre outros.  
Nesse ponto, “a economia do capital constante aparece como condição  
inteiramente estranha [gänzlich fremde] ao trabalhador, que não lhe diz respeito em  
absoluto e com a qual o trabalhador não guarda nenhuma relação” (MARX, 2017b, p.  
112, modificações nossas). Ao trabalhador não diz respeito sua aglutinação com  
outros em um mesmo prédio ou que lhe exijam maior disciplina ao trabalhar. Tais  
demandas vêm por parte do capitalista, que delas necessita para aumentar a taxa de  
lucro. Por si sós, elas não guardam relação com o desenvolvimento do trabalho social,  
e nada possuem, pois, de emancipadoras, pois que presas às exigências do modo de  
produção capitalista. Com efeito, diz Marx sobre a disciplina do trabalho (2017b, p.  
111), que ela “se torna supérflua em condições sociais nas quais os trabalhadores  
operam por conta própria, assim como já agora ela se torna quase supérflua, com a  
prática do salário por peça”. Mesmo no interior do capitalismo é possível que se criem  
condições em que certos modos de economia do capital constante se tornem  
obsoletos.  
O pensador dá especial atenção à degradação das condições de trabalho como  
meio de economia de capital constante:  
De acordo com sua natureza contraditória, antitética, o modo de  
produção capitalista vai além, ao incluir o desperdício de vida e de  
saúde do trabalhador, a opressão de suas próprias condições de  
existência entre os meios para economizar no emprego do capital  
constante e, com isso, elevar a taxa de lucro. (MARX, 2017b, p. 114)  
Trata-se, pois, de contradição da produção capitalista. Se, por um lado, ela exige  
a economia de capital constante, por outro, para atingir tal objetivo, “é absolutamente  
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esbanjadora com o material humano” (MARX, 2017b, p. 114). Na ânsia de preservar  
o capital constante, não se hesita em piorar as condições de trabalho, e, com isso,  
colocar a vida e a saúde dos trabalhadores em risco. O autor prossegue com os casos  
das minas de carvão inglesas, da economia na geração de força motriz etc., mas não  
nos deteremos sobre exemplos, os quais, para além do texto marxiano, poderiam ser  
infinitamente multiplicados.  
É claro, de todo modo, que a busca do capitalista por maiores lucros com  
menores gastos “aparece [erscheint] como uma força inerente ao capital(MARX,  
2017b, p. 112), uma necessidade imposta por este, independente dos produtores  
reais, a ele submetidos. Tal anseio, diz Marx (2017b, p. 113), não deve surpreender,  
pois é próprio do capital essa subordinação, que “oculta seus nexos internos ao  
submeter o trabalhador à completa irrelevância, à exterioridade [Aeusserlichkeit] e ao  
estranhamento [Entfremdung] diante das condições de realização de seu próprio  
trabalho”. O capital, ainda que requeira trabalho para se acumular e dependa, pois,  
inteiramente, do trabalhador, relega este a segundo plano, nesse caso, no que diz  
respeito a adequadas condições de trabalho. Coloca-se o acento na necessidade de  
gastar o mínimo possível com o capital constante, mesmo que ao custo de quem com  
ele de fato opera, imperativo ditado pela taxa de lucro, e que faz com que o capital se  
configure como força independente do trabalhador.  
Marx (2017b, p. 113, modificações nossas) resume o tópico da economia do  
capital constante nos seguintes termos:  
Finalmente, o trabalhador, como já vimos, relaciona -se com o caráter  
social de seu trabalho a combinação de seu trabalho com o trabalho  
de outrem para um mesmo fim como com uma potência que lhe é  
estranha [fremden Macht]; as condições de efetivação dessa  
combinação são, para ele, propriedade estranha [fremdes Eigentum],  
cujo desperdício lhe seria indiferente, não fosse ele forçado a  
economizá-la.  
A relação do trabalhador com suas condições objetivas de trabalho se dá de  
modo estranhado, nesse ponto, porque sua economia não diz respeito a ele, mas à  
necessidade do capitalista de aumentar a taxa de lucro. Assim, os meios de produção  
se defrontam com o trabalhador como potência estranha, cujo uso não é determinado  
por aqueles que com eles trabalham, mas pelo capitalista.  
À guisa de conclusão: o capital, enquanto relação voltada à extração de mais-  
valor, de um lado, mas que, inevitavelmente, apresenta elementos comuns ao processo  
produtivo em geral, é dotado de faces contraditórias. Por um lado, desenvolve as  
forças produtivas, dota os meios de trabalho, na forma da maquinaria, de maior grau  
de eficiência, aumenta sua produtividade, e, assim, produz mais valores de uso,  
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aumenta, pois, a produção de riqueza, engendra novas necessidades, e reduz o tempo  
durante o qual os indivíduos precisam se dedicar à atividade produtiva. Determinações  
comuns ao processo de trabalho em geral, como a produção de valores de uso, a  
mediação dada pelos meios de trabalho entre ser humano e natureza, e o tempo de  
trabalho requerido para a produção, aparecem sob o processo de produção capitalista,  
o qual desenvolve a produtividade do trabalho. Por outro lado, o capital é processo  
de produção de mais-valor. Por isso, não reduz a jornada de trabalho, a qual, pelo  
contrário, é aumentada e intensificada. O trabalho industrial é trabalho social, mas,  
submetido aos imperativos da taxa de lucro, implica economia do capital constante em  
detrimento dos produtores. Cada progresso da indústria se conforma não como força  
a serviço da humanidade, mas a serviço da necessidade do capital de se valorizar, com  
o que as condições objetivas do trabalho se defrontam com o ser humano como forças  
do capital. Marx resume o caráter contraditório do capital da seguinte maneira:  
considerada em si mesma, a maquinaria encurta o tempo de trabalho,  
ao passo que, utilizada de modo capitalista, ela aumenta a jornada de  
trabalho; [...] por si mesma, ela facilita o trabalho, ao passo que,  
utilizada de modo capitalista, ela aumenta sua intensidade; [...] por si  
mesma, ela é uma vitória do homem sobre as forças da natureza, ao  
passo que, utilizada de modo capitalista, ela subjuga o homem por  
intermédio das forças da natureza; [...] por si mesma, ela aumenta a  
riqueza do produtor, ao passo que, utilizada de modo capitalista, ela  
o empobrece [...] (MARX, 2017a, p. 513).  
O advento da maquinaria e da grande indústria representa, em si, progresso.  
Desenvolvem-se as capacidades humanas e se reduz o tempo de trabalho necessário.  
Contudo, isso não representa, do lado do indivíduo, o desenvolvimento de sua  
personalidade. Pelo contrário: como o impulso da produção, sob condições  
capitalistas, é o acúmulo de valor, o trabalhador segue submetido a tal imperativo, de  
modo que é aviltado em sua existência particular, marcada seja pelo aumento da  
jornada de trabalho, seja pela intensificação desta, seja por más condições de trabalho,  
sempre dentro de situação de subordinação às condições objetivas de seu próprio  
trabalho.  
Sob a égide do capital, pois, o desenvolvimento da produtividade se dá de  
modo contraditório, e o que é, por um lado, progresso, é, por outro, adstringido pelo  
imperativo da acumulação. A indústria só pode se tornar força a serviço do  
desenvolvimento humano uma vez suprimido o capital, e ela, por si só, é incapaz de  
fazê-lo. Daí a necessidade, segundo Marx, da supressão do modo de produção  
capitalista.  
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Forças sociais de produção como forças do capital  
Considerações finais  
A posição de Marx acerca do desenvolvimento das forças produtivas, o qual,  
dentro de nossa análise, teve por foco o aumento da eficácia dos meios de produção,  
mostra o caminho tortuoso e contraditório por meio do qual a sociedade capitalista se  
transforma.  
O desenvolvimento da produtividade do trabalho traz consigo, por um lado,  
progresso, uma vez que reduz o tempo de trabalho no qual os indivíduos se dedicam  
somente à própria manutenção enquanto trabalhadores. Desse modo, poderia liberar  
tempo para o livre cultivo da personalidade, algo, ademais, possibilitado pelo aumento  
progressivo de necessidades não restritas à mera subsistência. Por outro, tal  
desenvolvimento se dá sob a égide do capital, o qual tem por norte a extração de  
mais-valor, o que faz com que as condições objetivas da atividade produtiva se  
defrontem com os produtores como algo independente deles. Desse modo, a atividade  
viva se torna não força a serviço do desenvolvimento humano, mas forças próprias do  
capital, subordinadas ao imperativo da acumulação.  
Com isso, ainda que as constantes revoluções dos meios de produção permitam  
a criação de novas necessidades, e, assim, criem a possibilidade de desenvolvimento  
da personalidade, se se permanece dentro dos limites do processo de produção  
capitalista, tal desenvolvimento é impedido, pois a relação com a atividade produtiva,  
meio de satisfação das necessidades, ocorre de modo subordinado não aos indivíduos  
que produzem, mas à valorização do valor. Em virtude de tal imperativo, à redução do  
tempo de trabalho necessário não corresponde a criação de tempo livre, dentro do  
qual o indivíduo poderia se cultivar enquanto tal, mas ao aumento da jornada de  
trabalho e à intensificação da produção, com o que segue viva a subordinação do  
trabalhador a forças que se mostram como próprias do capital. O capital constante se  
economiza somente como meio de aumentar a taxa de lucro, fim estranho aos  
trabalhadores. As forças produtivas do trabalho se conformam não como forças dos  
próprios trabalhadores, mas do capital. Tal cenário só se poderia resolver com a  
remissão para além do modo produção capitalista. Só com a supressão deste seria  
possível que as forças produtivas servissem ao desenvolvimento humano, não ao  
capital.  
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Como citar:  
MACIEL, Lucas de Oliveira. Forças sociais de produção como forças do capital: as forças  
produtivas do trabalho sob a produção capitalista na obra de Karl Marx. Verinotio,  
Rio das Ostras, v. 30, n. 2, pp. 85-115, 2025.  
Verinotio  
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