Vivência trágica ou plenitude épica

um capítulo do debate Lukács-Adorno

  • Miguel Vedda

Resumo

A polêmica entre Lukács e Adorno é um dos grandes confrontos intelectuais do século XX, e junto a outras célebres discussões (como as de Lukács com Brecht e Sartre, ou as de Adorno com Benjamin ou Karl Popper), chegou a fazer história pelo alcance e relevância das opiniões, bem como por seus efeitos na evolução posterior do marxismo. A polêmica conheceu momentos de intolerância dogmática, sobretudo por parte de Adorno, que opôs à teoria do crítico húngaro acusações e argumentos ad hominem: um caso extremo é o artigo “Reconciliação extorquida”, onde se emprega uma linguagem abusiva para imputar a Lukács a vulgaridade, a incompreensão ou a falta de gosto. Vale destacar que Adorno lutou para jogar por terra várias das ideias centrais da teoria lukacsiana: em “Leitura de Balzac”, questiona parcialmente o elogio formulado por Lukács ao realismo balzaquiano; no excerto sobre o Odisseu em Dialética do esclarecimento refuta a idealização lukacsiana do classicismo grego, e encontra nele a gênese da moderna exploração burguesa; “A ferida Heine” contradiz o Lukács de “Heine como poeta nacional”, e os Três estudos sobre Hegel reprovam a reconciliação com a realidade que Lukács celebra no autor da Fenomenologia.

Biografia do Autor

Miguel Vedda

Professor da Universidade de Buenos Aires.

Publicado
2018-03-25
Seção
Depoimento