“Zoon politikon” para Marx: o ser social e a historicidade da política
Resumo
No presente artigo são feitas considerações sobre o uso dado por Marx à famosa frase aristotélica “o homem é um animal político [ζῷον πολιτικόν]” em três momentos distintos de sua elaboração teórica: nos textos de 1857-8, nomeadamente a “Introdução” de 1857 e as Formas que precederam a acumulação capitalista, que fazem parte dos Grundrisse; no Livro I de O capital: crítica da economia política (1867); e nos excertos sobre A sociedade antiga de Lewis Morgan, escritos em 1881, publicados posteriormente como parte dos chamados Cadernos etnológicos de Marx. Assim, analisa-se de que modo Marx interpreta a expressão aristotélica, e até que ponto é possível considerar que ele discorda da afirmação de que “o homem é um animal político [ζῷον πολιτικόν]”. Entende-se que Marx insere a afirmação em seu contexto histórico, enquanto uma “característica da Antiguidade clássica”, mas que remete também para um caráter universal importante: a sociabilidade do ser humano, que é, a saber, “se não um animal político, em todo caso um animal social”. Com essas inferências, Marx se opõe aos teóricos que tomam o indivíduo isolado enquanto ponto de partida histórico, naturalizando a sociedade civil-burguesa. Nesse sentido, esta análise não é relevante apenas enquanto mera interpretação marxiana de Aristóteles, mas também para a apresentação de duas concepções fundamentais para Marx, intrinsecamente conectadas: o caráter ontologicamente social do ser humano e a historicidade da política, o que, em última análise, fornece as bases para a superação do próprio estado enquanto criação humana.
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