afirmação de que tudo apenas é matéria; ela
consiste, ao contrário, numa determinação
metafísica, segundo a qual todo o ente aparece
como material para o trabalho. [...] A essência do
materialismo esconde-se na essência da técnica (p.
360-1).
Essa é mais ou menos a ideia daqueles
discípulos de Mach do início do século XX, que
se esforçaram para unir o pensamento de Mach
ao marxismo (Bogdanov). E essa relação com o
pensamento de Mach se torna ainda mais clara
quando consideramos as opiniões de
Heidegger sobre a conhecimento da natureza.
O fato de a fisiologia e a química fisiológica
poderem examinar o homem como organismo,
sob o ponto de vista das Ciências da Natureza,
não é prova de que neste elemento "orgânico",
isto é, de que no corpo explicado cientificamente,
resida a essência do homem. Isto vale tão pouco
como a opinião de que, na energia atómica, esteja
encerrada a essência da natureza. Pois, poderia
mesmo acontecer que a natureza esconde
precisamente sua essência naquela face que volta
para o domínio técnico pelo homem (p. 353).
Duhem, por exemplo, há mais de trinta
anos, usou argumentos desse tipo para
defender o ponto de vista do Cardeal
Belarmino como filosoficamente superior
frente a Galileu e Kepler; ou seja, com base no
fato de que o conhecimento científico de um
fenômeno natural, por mais exato que seja,
não oferece a menor garantia de que a
verdadeira essência da natureza tenha sido
realmente conhecida. E, de fato, tal ponto de
vista de Belarmino é historicamente
compreensível, uma vez que ele considera a
filosofia natural contida na Bíblia como a
verdadeira essência da natureza –
independentemente de quais resultados a
ciência, como conhecimento do mero mundo
nicht in der Behauptung, alles sei nur
Stoff, vielmehr in einer metaphysischen
Bestimmung, der gemäß alles Seiende als
das Material der Arbeit erscheint ... Das
Wesen des Materialismus verbirgt sich im
Wesen der Technik .. . Die Technik ist in
ihrem Wesen ein seins-geschichtliches
Geschick der in der Vergessenheit
ruhenden Wahrheit des Seins (87/88),
Dies ist ungefähr die Vorstellung jener
Machisten vom Anfang des 20.
Jahrhunderts, die den Machismus mit dem
Marxismus zu vereinigen strebten (Bog-
danow). Und noch deutlicher wird diese
Verwandtschaft zum Machismus, wenn wir
Heideggers Ansichten über die
Erkennbarkeit der Natur betrachten.
Daß die Physiologie und die
physiologische Chemie den Menschen als
Organismus natur-wissenschaftlich
untersuchen kann, ist kein Beweis dafür,
daß in diesem ,Organischen', das heißt in
dem wissenschaftlich erklärten Leib das
Wesen des Menschen beruht. Dies gilt so
wenig wie die Meinung, in der
Atomenergie sei das Wesen der Natur
beschlossen. Es könnte doch sein, daß die
Natur in der Seite, die sie der technischen
Bemächtigung durch den Menschen
zukehrt, ihr Wesen gerade verbirgt
(67/68).
Mit Argumenten dieser Art hat vor mehr
als dreißig Jahren etwa Duhem den
Standpunkt des Kardinals Bellarmin, als den
philosophisch überlegenen, gegen Galilei
und Kepler verteidigt; nämlich davon
ausgehend, daß die wissen-schaftliche
Erkenntnis eines Natur-phänomens, mag
sie noch so exakt sein, noch nicht die
geringste Garantie dafür bietet, daß das
wahre Wesen der Natur auch wirklich
erkannt wurde. Und in der Tat ist ein solcher
Standpunkt bei Bellarmin historisch
verständlich, da er die in der Bibel
enthaltene Naturphilosophie für das wahre
Wesen der Natur hält – unabhängig davon,
zu welchen Ergebnissen die Wissenschaft,
als Erkenntnis der bloßen