Hans Heinz Holz
128 | Verinotio
NOVA FASE
ISSN 1981 - 061X v. 27 n. 1, p. 125-145 - jan./jun. 2021
mencionei da segunda, que não deve ser esquecida de forma alguma, e no decorrer
da qual, a partir de
História e consciência de classe
, revisionistas de todos os tipos
seguiram o exemplo de Lukács; e, certamente, nele havia pontos de apoio suficientes
para tais afiliações por assim dizer "extraconjugais"; um confronto crítico e, neste caso,
também a polêmica são de fato necessários. Mas a crítica, o confronto e a polêmica
não devem esconder que em Lukács existe um núcleo substancial que tornou aquela
primeira história de adesão possível e duradoura; malgrado todos os enganos e erros,
Lukács foi um teórico que pertence positivamente ao contexto da Terceira
Internacional; nos pontos essenciais, ele era um leninista, e negligenciar isso
significaria lançá-lo aos inimigos ideológicos, aos inimigos de classe (e junto com ele
uma parte de nossa própria história intelectual).
Naturalmente, no interior de contextos diferentes, as ênfases terão de ser
colocadas de maneira diferente, e aqui posso apenas falar sobre a importância que
tanto Lukács quanto a adesão a Lukács têm para a luta ideológica dos marxistas na
Europa Ocidental. Mas, do meu ponto de vista, qualquer crítica – à colocação
equivocada de sua ontologia, à negligência do aspecto linguístico na obra literária, ao
conceito de realismo, ao mesmo tempo muito amplo e estreito, à tendência à
acentuação excessiva da subjetividade e, a ela ligada, à elaboração insuficiente da
dialética da natureza – deve ser consciente do fato de que ela se apresenta no âmbito
do exame e do esclarecimento dos princípios marxistas do espelhamento filosófico.
Está em jogo a racionalidade da dialética materialista, e ninguém vai querer sustentar
que a sistematicidade e os momentos de suas leis de movimento se apresentam
completamente desenvolvidos de uma vez por todas, que a experimentação de
modelos de construção não seja indispensável, assim como não o sejam os erros e a
refutação de erros, a críticas e autocríticas em vista de um desenvolvimento ulterior da
dialética.
Racionalidade da dialética materialista, esta é uma palavra-chave que caracteriza
as grandes contribuições de György Lukács no período de luta contra a Alemanha de
Hitler e sua ideologia. Foi a insistência no primado da razão que, em um ambiente
espiritual pleno de pseudologias