DOI 10.36638/1981-061X.2023.28.1.669
Da observação da natureza como apreensão do
conhecimento na passagem do primeiro ao
segundo humanismo renascentista:
uma continuidade do debate iniciado
por J. Chasin n’O futuro ausente
On observation of nature as apprehension of knowledge in the transition
from the first to the second Renaissance humanism: a continuation of the
debate started by J. Chasin on The absent future.
Claudinei Cássio de Rezende*
Resumo: Num ensaio inacabado de J. Chasin,
intitulado O futuro ausente, o filósofo busca
traçar a noção de politicidade do mundo Antigo
ao mundo contemporâneo – embora interrompa
seu material em Hobbes. Uma das questões
suscitas por Chasin envolve a discussão sobre o
apreço da natureza objetiva em contrapartida a
uma forma idealizada da vida contemplativa,
portanto, da filosofia moral do trecento ao
quattrocento renascentistas. Tendo como ponto
de partida a elaboração de Chasin, este artigo
avança sobre a história das polêmicas médica e
astrológicas que tomaram forma no universo
renascentista. Se, por um lado, Ernst Cassirer
elabora uma tese sobre a originalidade de
Nicolau de Cusa, por outro, deixa passar um
aspecto primordial quando contrapõe sua
filosofia à de Pico: o embate sobre a polêmica
astrológica nasce no bojo da discussão do livre-
arbítrio, portanto, da tentativa de impugnação da
astrologia divinatória por considerá-la uma
teleologia da natureza que se contrapunha
teleologia teológica. Não obstante a inexistência
de uma ruptura epistemológica proposta por
Abstract: In an unfinished essay by J. Chasin,
entitled O futuro ausente, the philosopher seeks
to trace the notion of politicality from the
Ancient world to the contemporary world –
although it interrupted in the work of Hobbes.
One of the questions raised by Chasin involves
the discussion about the appreciation of
objective nature in contrast to an idealized form
of contemplative life, therefore from the
philosophy of morals from the 14th to the 15th
century. Taking Chasin's elaboration as a
starting point, this article advances the history
of medical and astrological controversies in the
Renaissance universe. If Ernst Cassirer
elaborates a thesis on the originality of Nicholas
of Cusa, he misses a primordial aspect when he
opposes his philosophy to that of Pico: the clash
over the astrological controversy arises in the
midst of the discussion of free will, therefore, of
the attempt to challenge of divinatory astrology
for considering it a teleology of nature that was
opposed to theological teleology. Despite the
inexistence of an epistemological rupture
proposed by Cassirer, the development of
Renaissance philosophy attested to the
contradictory struggle for the empirical
observation of reality.
Cassirer,
o
desenvolvimento da filosofia
renascentista atestou a luta contraditória pela
observação empírica da realidade.
*
Doutor em ciências sociais pela Unesp. Professor de história na Cogeae-PUC-SP e de arte clássica no
Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
ISSN 1981-061X, v. 28.1, “30 anos de O futuro ausente” - 2º. sem. 2022/1º. sem. 2023
Verinotio
nova fase