outros. Que seja possível discordar disso, não achamos impossível. Porém, para fazer
isso, é necessário confrontar as citações marxianas, o estudo do pensamento de Marx
e os desenvolvimentos que foram propiciados pela pessoa e pela obra de Chasin, bem
como por aqueles que o seguiram.
Até agora, no entanto, a tática adotada diante do filósofo paulista e de suas
teorizações foi quase unânime: trata-se de uma conjunção de ataque a um espantalho
dolosa e vergonhosamente construído e da guerra do silêncio, que, não raro, passa
longe de ser inocente. Ou seja, para dizer o mínimo: o rechaço da posição chasiniana
não foi realizado com honestidade intelectual e com o crivo do debate público de
qualidade.
Dentre outras coisas, acreditamos que esse debate que precisa ser resgatado; a
regeneração (para que se use uma expressão de Marx, que quase nunca é lembrada)
dos embates de qualidade na esquerda é uma necessidade do presente. Sem ela, na
melhor das hipóteses, gira-se em falso, enquanto a direita e extrema-direita ganham
fôlego, ocupam espaços e tomam a dianteira na formação de uma consciência de
massa. Se o velho mouro disse que é necessária a formação de uma consciência
comunista de massa, é preciso que reconheçamos que estamos muito longe disso.
Certamente, isso ocorre devido à configuração do capitalismo atual, que ainda precisa
ser compreendido devidamente. Porém, dentro dessa configuração, estão também as
posições desenvolvidas à esquerda. Até agora, elas vêm sendo parte do problema, de
modo que Chasin foi duro: trata-se da pseudoesquerda, da esquerda morta. Talvez
seja preciso digerir essa enorme derrota – sem nunca recair em abstencionismo – para
que possamos avançar.
Para que isso seja possível, há de se destacar, também, como os textos aqui
trazidos deixam claro: há desenvolvimentos originais do autor de
Marx:
estatuto
ontológico e resolução metodológica que precisam ser debatidos. Seria possível trazer
vários exemplos, mas o momento atual de nosso país faz com que mencionemos a
teorização chasiniana sobre a miséria brasileira. Ela tem especificidades que fazem
com que precise ser estudada a fundo; também é uma exclamação contra a adoção
acrítica de modelos prontos para se tratar da realidade e da particularidade nacional
do capitalismo brasileiro.
Por isso, acreditamos que a leitura do presente volume duplo, bem como de
O
futuro ausente
, pode ser uma modesta contribuição diante da situação em que se