TRADUÇÃO  
DOI 10.36638/1981-061X.2024.29.1.721  
Tradução  
_____  
Quem escreveu o artigo Socialismo dos juristas?  
Problemas para estabelecer a autoria na edição do  
Volume I/31 da MEGA-2*  
Renate Merkel-Melis**  
O artigo Socialismo dos juristasapareceu no segundo número da Neue Zeit  
em 1887.1 O tema era o texto de Anton Menger, O direito ao produto integral do  
trabalho. Exposição histórica. Nele, Menger objetivou, como ele escreveu na  
Introdução, “lidar com as ideias fundamentais do socialismo de um ponto de vista  
jurídico”.2 Ele entendia que isto era a transformação das ideias socialistas em conceitos  
jurídicos sóbrios e queria usar isto como base para fornecer uma fundamentação para  
o socialismo. Ele traçou o desenvolvimento do direito ao produto integral do trabalho  
na literatura socialista e acusou Marx e Rodbertus de plagiarem os antigos teóricos  
ingleses e franceses. Apesar do escrito de Menger ter causado grande agitação quando  
foi publicado, ele mesmo não alcançou nenhuma importância significativa em sua  
época e, na melhor das hipóteses, alcançou certo impacto duradouro com suas críticas  
ao primeiro rascunho do BGB [Código Civil da Alemanha] em 1890.  
Curiosamente, na década de 1970, uma nova atenção se voltou para o  
socialismo jurídico e com ela uma redescoberta de Anton Menger. Isto foi justificado  
*
Tradução de Murilo Leite Pereira Neto e revisão técnica da tradução de Vitor Sartori. O Artigo foi  
publicado originalmente em Beiträge zur Marx-Engels-Forschung. Neue Folge 2000, sob o título Wer  
schrieb den Artikel „Juristen-Sozialismus“? Probleme der Autorschaftsbegründung bei der Bearbeitung  
content/uploads/2022/07/BzMEF_NF20_R.-Merkel-Melis_S.-86-94.pdf. [Nota do Tradutor]  
** Renate Merkel-Melis (1937 2012) foi uma historiadora e editora alemã, nascida em Berlim. Trabalhou  
para o Institut für Marxismus-Leninismus, na década de 1950, e para a Marx-Engels-Gesamtausgabe  
(MEGA). Produziu inúmeros artigos sobre a edição das obras de Marx e Engels. [Nota do tradutor]  
1
Juristen-sozialismus. In: Die Neue Zeit, Revue des geistigen und öffentlichen Lebens Stuttgart, Jg. 5,  
1887, H. 2, S. 49-62.  
2 Anton Menger: Das Recht auf den vollen Arbeitsertrag in geschichtlicher Darstellung, Stuttgart 1886,  
S. IV.  
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pela “reorientação da ciência do direito [Jurisprudenz] de uma ciência do espírito para  
uma ciência social”, na qual “o legado anteriormente enterrado e escondido do século  
XIX [...] está finalmente a ser restaurado”3. Isto incluiu as críticas de Menger às  
instituições e ideologias do direito civil [bürgerlichen Rechts] e o seu engajamento  
social com as classes populares pobres e exploradas. Quatro dissertações apareceram  
em pouco tempo; a revista Quaderni fiorentini dedicou um número duplo a uma revisão  
historiográfica criteriosa em 1974/75. Em 1977, uma tradução do Socialismo dos  
juristas foi publicada nos EUA com uma breve introdução.4  
Sabendo disso, vamos agora passar aos problemas de edição do artigo do Neue  
Zeit para MEGA-25. A tarefa dos editores hoje não é mais avaliar as polêmicas,  
glorificar o socialismo de Marx como unicamente científico e condenar Menger. Em vez  
disso, como nós já começamos com Eugen Dühring na MEGA-2 Volume I/27, é  
importante olhar para ele de uma perspectiva diferenciada, em sua própria época. O  
lugar para isso é a história do texto. O principal problema da edição histórico-crítica  
do texto, porém, é a determinação mais precisa da autoria, e esta questão será o foco  
das considerações seguintes.  
Nenhum autor foi citado na crítica ao livro de Menger para o Neue Zeit; mas  
sabe-se que foram Friedrich Engels e Karl Kautsky. Para a edição, foi necessário tentar,  
indo além das descobertas anteriores, determinar com mais precisão a contribuição de  
Engels e Kautsky. A questão do título deste artigo necessita ser precisada. Não é quem  
escreveu o artigo Socialismo dos juristas, mas quem escreveu o quê para este artigo?  
Como esse problema foi tratado na literatura até agora? Engels e Kautsky foram  
nomeados autores pela primeira vez em 1904, numa tradução francesa de Léon Remy  
para a revista Le Mouvement Socialiste: Engels aparece como autor no índice, e uma  
nota de rodapé introdutória indica a autoria conjunta com Kausky.6 Em 1905, o  
Registro geral dos conteúdos dos anos de 1883 a 1902 do Neue Zeit listou Engels e  
3
Norbert Reich: Der Juristensozialismus von Anton Menger (1841-1906) im neunzehnten Jahrhundert  
und heute. ln: Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno, Milano, 3-4 (1974-75),  
S. 158.  
4 Piers Beirne: Introduction to Juridical Socialism; Friedrich Engels and Karl Kautsky: Juridical Socialism.  
In: Politics and Society, Thousand Oaks, Calif, (u. a.), Vol.7, 1977, Nr. 2, S. 199-201, 203-220.  
5
Trata-se do mais abrangente projeto editorial das obras de Marx e Engels, a Marx-Engels-  
Gesamtausgabe (MEGA), cujo objetivo é publicar as obras completas dos autores alemães, a partir da  
edição histórico-crítica, respeitando o estado dos originais. O complemento “2” remete à história de  
descontinuidade do aludido projeto editorial, que tem sua primeira fase iniciada na década de 1920 e  
foi retomada, após uma longa interrupção na década de 1930, em 1975, quando, de fato, inicia a  
segunda fase do projeto editorial. [Nota do Tradutor]  
6
Socialisme de Juristes. In: Le Mouvement Socialiste. Revue mensuelle internationale, Paris, 6e année,  
15. Januar 1904, S. 572 und 97.  
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Kautsky como autores.7  
Nas edições das obras de Marx-Engels, não foi feita nenhuma tentativa de  
determinar com mais precisão as respectivas contribuições de Engels e Kautsky. Do  
volume 2l de Sočinenija8 de 1961 passando pelo volume 2l de MEW9 de 1962 até o  
volume 26 de Collected Works10, publicado em 1990, a mensagem lacônica é:  
“Considerando que a caligrafia deste artigo não pode ser encontrada e, portanto, não  
é possível determinar qual parte do artigo foi escrita por Engels e qual parte foi escrita  
por Kautsky, o artigo é reproduzido na íntegra como um anexo neste volume”.11  
Na literatura que tratou do Socialismo dos juristase do seu representante  
Anton Menger com surpreendente intensidade na década de 1970, apenas Thilo Ramm  
abordou a questão da autoria. Em ensaio publicado em 1975 no anuário italiano  
Quaderni Fiorentini, ele defendeu a tese que “a introdução [...] e a conclusão [...], bem  
como algumas outras formulações do texto, provavelmente são de Engels”.12 Ele não  
deu uma fundamentação. Referindo-se a isso, Peter Schöttler declarou no jornal  
trimestral Demokratie und Recht de 1980 que a afirmação de Ramm de que Engels  
havia escrito o início e o fim do artigo era “pura especulação”. Além disso, para ilustrar  
a estreita relação entre os dois, citou, dessa época (6/04/1887), a carta de Engels a  
Sorge, na qual afirmava que confiava em Kautsky tal como confiava em si próprio.13  
Em 1992, Till Schelz-Brandenburg utilizou a correspondência de Kautsky-  
Bernstein, a partir da qual foi possível “a investigação mais detalhada da autoria que  
ainda estava aberta poderia ser esclarecida até certo ponto”.14 Schelz-Brandenburg  
desenvolve a seguinte tese: o plano e o primeiro esboço são de Kautsky, Engels editou  
então este manuscrito completamente; Kautsky depois assumiu novamente a edição  
final porque Engels ficou doente. Esta afirmação também levanta preocupações  
7 General-Register des Inhalts der Jahrgänge 1883 bis 1902 der Neuen Zeit. In: Die Neue Zeit, Stuttgart  
1905, S.20.  
8
Edição russa das obras de Marx e Engels, ativa entre 1928 e 1947, publicou 28 volumes. [Nota do  
Tradutor]  
9 A Marx-Engels-Werke (MEW) foi a edição alemã das obras de Marx e Engels, publicou 41 volumes em  
43 livros, entre 1956 e 1968. [Nota do Tradutor].  
10  
Marx/Engels Collected Works (MECW) é a edição e tradução inglesa das obras de Marx e Engels,  
publicadas de 1975 a 2004, em 50 volumes. [Nota do Tradutor]  
11 MEW 21, S. 617, Anm. 464.  
12 Thilo Ramm: Juristensozialismus in Deutschland. In: Quaderni Fiorentini per la storia  
des pensiero giuridico moderno, Milaono, 3-4 (1974-75), S. 7.  
13  
Peter Schöttler: Friedrich Engels und Karl Kautsky als Kritiker des Juristen-Sozialismus. In:  
Demokratie und Recht, Hamburg, 8. Jg., H. l/1980, S. 5.  
14  
Till Schelz-Brandenburg: Eduard Bernstein und Karl Kaursky. Entstehung und Wandlung des  
sozialdemokratischen Parteimarxismus im Spiegel ihrer Korrespondenz 1879 bis 1932, Köln, Weimar,  
Wien 1992, S. 99, Anm. 133.  
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significativas sobre a edição completa do manuscrito por Engels.  
Para a edição do Socialismo dos juristasno volume da MEGA, a gênese teve  
que ser examinada primeiro, ou seja, a datação teve que ser determinada e a  
correspondência avaliada. O livro de Menger foi anunciado no Börsenblatt em 20 de  
outubro de 1886 como “recém-publicado”.15 No final de Outubro como se pode ver  
no fragmento não datado de uma carta a Bernstein , Kautsky tomou contato com o  
livro em Londres.16 Laura Lafargue escreveu a Engels no final de outubro sobre os  
comentários rancorosos de Menger contra Marx.17 Engels respondeu no dia 2 de  
Novembro: “Temos o livro aqui e darei notas a Kautsky suficientes para que ele possa  
esmagar esse descarado”.18 Até agora, a pré-história.  
Sobre a gênese em si. Na quinta-feira, 18 de novembro, Kautsky disse a  
Bernstein que estava trabalhando em um artigo sobre Menger, com o qual Engels  
queria ajudá-lo, mas que só seria acrescentado no final desta semana ou no início da  
próxima semana devido à revisão. Ele não queria terminar o artigo sem ele.19 Na  
segunda-feira, 22 de novembro, Kautsky escreveu a Bernstein: “Vou dar uma boa surra  
em Menger, o que não é nenhuma arte quando o General lhe escreve metade ou  
mais”.20 Dois dias depois, Engels relatou a Laura Lafargue: “Dei a K. os materiais  
necessários e, em parte, resolvi-os sozinho, na medida do necessário”.21  
Daí se segue: Kautsky começou a trabalhar em 18 de novembro, Engels ainda  
não. Em 22 de novembro claramente houve um acordo sobre a divisão do trabalho  
planejada; no dia 24 de novembro, Engels não só deu apontamentos a Kautsky, mas  
também entregou o manuscrito. Kautsky revelou confidencialmente algo sobre os  
motivos pelos quais Engels não assumiu pessoalmente a polêmica: ele não queria “dar  
ao sujeito a honra de espancá-lo pessoalmente”.22  
No entanto, Engels não conseguiu cumprir a sua parte na contenda na extensão  
15 Börsenblatt für den Deutschen Buchhandel und die mit ihm verwandten Geschäftszweige, Leipzig, 53.  
Jg., Bd. 4, Nr. 245, 22. Oktober 1886, S. 5852.  
16 Quando questionado sobre isto por Bernstein em 24 de outubro de 1886 (IISG, Nachlass Karl Kautsky,  
Sign. D V 73), Kautsky respondeu: “Notabene. Menger é um burro”. (Russisches staatliches Archiv für  
Sozial- und Politikgeschichte (RGA), f 204, op. 1, d. 899).  
17  
Laura Lafargue an Engels, [30.] Oktober 1886. In: Friedrich Engels, Paul und Laura Lafargue:  
Correspondance, t. 1 (1868-1886), Paris 1956, S. 403/404.  
18  
“Estamos de posse do livro aqui, e darei a Kautsky apontamentos suficientes para que ele possa  
acabar com esse sujeito atrevido” (MEW 36, S. 565.).  
19 RGA, f. 204, op. 1, d. 903.  
20 RGA, f. 204, op. 1, d. 905.  
21  
“Eu forneci a K[autsky] os materiais necessários e eu mesmo elaborei alguns deles quando preciso”  
(MEW 16. S. 572.).  
22 RGA, f. 204, op. 1, d. 905.  
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planejada a doença impediu-o de o fazer e obrigou Kautsky a terminar o artigo.23 Na  
sua carta a Bernstein de 8 de dezembro de 1886, ao discutir o “mal-estar” de Engels,  
Kautsky disse que Engels confessara uma vez que, “enquanto trabalhava no artigo,  
não conseguia manter os pensamentos sob controle e muitas vezes escrevia  
disparates”.24  
O trabalho de Engels pode, portanto, ser datado por volta de 22 de novembro,  
não tendo se iniciado antes do dia 19 (“final desta semana”) e, em princípio, foi  
concluído no mais tardar no dia 24. Não se pode descartar que ele ainda estivesse  
lidando com isso na semana seguinte. Assim, é possível que a datação fornecida na  
MEW seja a mais precisa. A nota correspondente aqui afirma que “em outubro de  
1886” Engels “[...] planejou” o artigo25; ou, nos dados biográficos, que trabalhou nele  
“de novembro a início de dezembro”26.  
Passemos agora às respectivas contribuições de Engels e Kautsky. Kautsky disse  
na sua carta a Bernstein de 22 de novembro: “você reconhecerá por si mesmo o que  
vem de mim e o que vem dele”. Essa afirmação quebra a cabeça do editor, mas precisa  
ser relativizada. O artigo ainda não estava terminado (“Vou dar uma surra em Menger”),  
a parte exata de Engels ainda não foi determinada (“metade ou mais”) e ele não  
conseguiu trabalhar nisso na extensão pretendida.  
Quase vinte anos depois, na sua crítica da Nova Teoria Ética [Neuer Sittenlehre]  
de Menger, Kautsky regressou ao seu trabalho de 1886 e comentou sobre a autoria  
partilhada do Socialismo dos juristas: “Naquele tempo, Engels escreveu uma crítica do  
livro para o Neue Zeit, mas tive de terminá-la porque Engels foi impedido de fazê-lo  
por uma doença súbita”.27 Quase quarenta anos depois, durante os preparativos para  
a edição das cartas de Engels, Bernstein perguntou sobre “a cooperação do general”  
e presumiu que Kautsky tinha redigido o artigo e Engels tinha fornecido aditamentos.28  
(ênfase de R.M.-M.)  
Para determinar a autoria, critérios adicionais relacionados ao conteúdo devem  
ser utilizados, além das passagens sobre a história da gênese na correspondência. Por  
um lado, podem ser identificados aqui paralelos e analogias com outras obras de  
23 RGA, f. 204, op. 1, d. 906.  
24 Ibidem.  
25 MEW 21, S. 617, Anm. 464.  
26 Ibidem, S. 654.  
27 Karl Kautsky: Mengers Neue Sittenlehre. In: Die Neue Zeit, Stuttgart, 24. fg., 1905-06, Bd.1, Nr. 3,  
S, 77.  
28 Eduard Bernstein an Karl Kaursky, 29. Mai 1924. (IISG, Kautsky-Familienarchiv, Nr. 135.).  
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Engels e Kautsky; por outro lado, há indícios claros nas polêmicas concretas que  
apontam para a autoria de Engels.  
A parte teórica introdutória do artigo, começando com a afirmação: “A visão de  
mundo da Idade Média era essencialmente teológica”29, é um esboço independente da  
história das visões de mundo e tem uma série de paralelos e analogias com outras  
obras de Engels e Kautsky. Em termos de dicção é semelhante ao capítulo “I. Geral”  
da “Introdução” do Anti-Dühring.30 Contém vários pontos de contato com este e com  
o Capítulo X, “Moral e Direito. Igualdade” da “Primeira Seção: Filosofia”.31 Há também  
ecos de passagens do capítulo IV da obra de Engels Ludwig Feuerbach e o fim da  
filosofia clássica alemã, da qual uma passagem também é citada em nota de rodapé.32  
Algumas destas declarações são muito gerais: a formação do cristianismo como  
religião correspondente à Idade Média e a subordinação de todas as formas de  
ideologia à teologia,33 o desenvolvimento da burguesia “no ventre” da Idade Média  
feudal.34 Em Ludwig Feuerbach encontra-se a imagem da religião como uma "bandeira"  
e disfarce para os interesses da burguesia na revolução burguesa inglesa, com a  
passagem imediatamente posterior para a França e a menção às principais figuras do  
iluminismo, Pierre Bayle e Voltaire.35 A ideia de que o proletariado surgiu como  
“oposiçãoà burguesia ou como sua “sombra” é desenvolvida no Anti-Dühring36, e no  
mesmo ponto também aparece a ideia da expansão da exigência de igualdade do  
terreno dos direitos políticos à situação social.37 Há outro paralelo com o Anti-Dühring:  
os grandes utópicos Saint-Simon, Fourier e Owen abstraíram-se do contexto histórico  
e apelaram à humanidade, o que fez com que o momento para a realização das suas  
exigências se tornasse completamente fortuito no Anti-Dühring 500 anos, no  
Socialismo dos juristas1000 anos, mais cedo ou mais tarde.38  
Contudo, a estreita ligação com as ideias de Engels não está em contradição  
com o fato de Kautsky ter, provavelmente, escrito a parte introdutória. Como pode ser  
29 Juristen-Sozialismus, a.a.O. S. 49.  
30 Friedrich Engels: Herrn Eugen Dührings Umwälzung der Wissenschaft (Anti-Dühring). In: MEGA-2 I/27,  
S. 226-237.  
31 Ibidem, S. 303-305.  
32  
Friedrich Engels: Ludwig Feuerbach und der Ausgang der klassischen deutschen philosophie. IV. In:  
Die Neue Zeit, Stuttgart, Jg. 4, 1886, S. 206. Sp. l/2.  
33 Cf. Engels: Ludwig Feuerbach ..., a.a.O., S.207. Sp.2.  
34 Cf. Engels: Herrn Eugen Dührings ..., a.a.O., S. 303.39-41.  
35 Cf. Engels: Ludwig Feuerbach ..., a.a.O., S.208. Sp.1.  
36 Cf. Engels: Herrn Eugen Dührings ..., a.a.O., S. 229.21-26 e S. 305.27-30.  
37 Ibidem, S. 229.38-40 e S. 305.37-39.  
38 Cf. Engels: Herrn Eugen Dührings ..., a.a.O., S. 230.24-25.  
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visto em sua carta a Bernstein datada de 18 de outubro39 de 1886, ele havia começado  
a trabalhar. O Anti-Dühring de Engels foi formativo para o desenvolvimento de sua  
visão de mundo foi por meio dele que ele se tornou "um marxista convicto e  
consequente".40 É claro que ele conhecia Ludwig Feuerbach, que foi publicado no Neue  
Zeit em 1886.  
O material era familiar a Kautsky: em 1885 ele havia estudado sobre a história  
do cristianismo e escrito um longo artigo sobre o assunto para o Neue Zeit. A seção  
acima mencionada em Socialismo dos juristascontém ecos de suas passagens  
introdutórias, nas quais a identificação das construções sociais da Idade Média e da  
monarquia absoluta com a Igreja, bem como a necessidade histórica da luta do  
iluminismo e sua vitória sobre a teologia são delineados.41 No ano seguinte, publicou  
uma série de artigos em várias partes sobre A Miséria da Filosofia e O Capital no Neue  
Zeit, nos quais elogiou a concepção materialista da história desenvolvida por Marx e  
delineou o conteúdo do primeiro volume de O Capital.42 Imediatamente antes de  
trabalhar no Socialismo dos juristas, Kautsky completou uma versão popular de O  
capital no verão de 1886 as Lições Econômicas de Karl Marx, que Engels revisou –  
e, portanto, tinha prática em resumir declarações teóricas básicas. É seguro assumir  
que a referência ao Ludwig Feuerbach de Engels não veio da sua própria pena;  
provavelmente remonta a uma referência correspondente.  
Engels poderia ser o autor de pelo menos partes das passagens subsequentes  
do artigo, que tratam diretamente da escrita de Menger. A forma de primeiro citar o  
oponente, depois condenar as suas declarações como infundadas, sem poupar  
zombarias mordazes, corresponde ao método polemista praticado por Engels, como  
já o havia utilizado contra Eugen Dühring e em muitos outros escritos.  
Nessas passagens, há indícios de uma influência concreta no conteúdo. No  
breve tratamento de Proudhon, é feita a referência ao seu falido banco de câmbio, que  
Engels forneceu quando aditou uma nota de rodapé de Marx na tradução alemã de  
Misère de la philosophie, que ele revisou.43  
39  
É provável que aqui o autor tenha feito confusão com as datas, o correto seria 18 de novembro.  
[Nota da tradução]  
40 Karl Kautsky: Erinnerungen und Erörterungen. Hrsg. v. Benedikt Kautsky, 'S Gravenhage 1960, S.437.  
41 Karl Kautsky: Die Entstehung des Chistentums. In: Die Neue Zeit, Stuttgart, 3. Jg., 1885, S.481.  
42 Die Neue Zeit, Stuttgart, 4. Jg., 1886, S. 7-19, 49-58, 117-129 e 157-165.  
43 Cf. Karl Marx: Misère de la philosophie. Réponse à la Philosophy de la misère de M. Proudhon, Paris,  
Bruxelles 1847. P. 62, nota de rodapé, em que Marx descreve os bazares de troca justa do produto  
do trabalhofundados na Inglaterra, segundo a teoria de John Francis Bray, e todos eles falharam e  
ligou isso com uma advertência a Proudhon. Na tradução alemã, Engels referiu-se ao Banco de troca de  
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O trabalho com livros de sua biblioteca fala a favor da autoria de Engels. Ao  
examinar o significado em que o termo mais-valor é usado por William Thompson, ele  
obviamente tomou em mãos seus escritos e, em seguida, forneceu as passagens  
citadas com sublinhados, grifos e notas marginais.44 O termo “produto excedente”  
também está sublinhado no escrito correspondente à referência a David Ricardo.45  
Ao tratar da acusação de que Marx e, depois dele, Engels citaram erroneamente,  
faz-se referência à controvérsia entre Marx e Lujo Brentano, que Sedley Taylor retomou  
em 1883.46 Engels, que escreveu uma brochura abrangente sobre o assunto quatro  
anos depois, é provavelmente o autor aqui. Frases como “Pobre Lujo Brentano”,  
“Enforque-se, Lujo”, “Cuidado, Lujo!” falam por sua autoria.  
Kautsky poderia ter escrito a parte final do artigo, possivelmente após a alusão  
a Brentano, seguindo instruções de Engels. A sugestão aqui expressa de que Menger  
procura um cargo no Ministério da Justiça pode ser encontrada numa carta de Engels  
a Laura Lafargue.47 As suas sugestões poderiam incluir a ideia de que os socialistas,  
como qualquer partido político, teriam de formular as suas reivindicações em  
exigências legais.  
Em resumo, pode-se provavelmente supor que Kautsky iniciou o trabalho, a  
maior parte do texto vem de Engels, e as passagens restantes foram influenciadas  
conceitualmente e nos pormenores por ele, e Kautsky fez a edição final. Como nenhum  
manuscrito do artigo sobreviveu, todas as afirmações só podem ter caráter de  
hipótese. A análise da história da sua gênese é complementada pela procura de  
Proudhon de 1849 em uma adição a esta nota de rodapé (Karl Marx: Das Elend der Philosophie. Antwort  
auf Proudhons Philosophie des Elends. Deutsch von E. Bernstein und K. Kautsky. Mit Vorwort und  
Noren von Friedrich Engels. Stungart 1885, S. 62).  
44  
William Thompson: An inquiry into the principles of the distribution of wealth most conducive to  
human happiness. Uma nova edição de William Pare, Londres 1850, p. 128: “A medida do capitalista,  
pelo contrário, seria o valor adicional produzido pela mesma quantidade de trabalho, em consequência  
do uso da maquinaria ou de outro capital; todo esse mais-valor a ser desfrutado pelo capitalista por  
sua inteligência e habilidade superiores em acumular e adiantar aos trabalhadores seu capital, ou no  
uso dele”. No exemplar pessoal de Engels, “mais-valor”, sublinhado, contornado a lápis; a linha com  
“mais-valor” adicionalmente grifada e com nota marginal: p. 127. Ibidem, p. 127: “Os materiais, os  
edifícios, as máquinas, os salários nada podem acrescentar ao seu próprio valor. O valor adicional  
provém apenas do trabalho”. - No exemplar manuscrito sublinhado por Engels, contornado a lápis e  
com nota marginal a tinta: “p. 128”. Cf. Die Bibliotheken von Karl Marx und Friedrich Engels. Annotiertes  
Verzeichnis des ermittelten Bestandes.. In: MEGA-2 IV/32, S. 637 (Nr. 1310).  
45 David Ricardo: On the principles of political economy, and taxation 3d ed., London 1821. Chapter V:  
On wages. In: The Works of David Ricardo. With a notice of the life and writings of the author. By J.R.  
Mc Culloch, London 1852, S.53. Na cópia pessoal de Engels, produção excedentesublinhado e  
contornado a lápis. Cf. Die Bibliotheken .... a.a.O.. S. 550 (Nr. 1116).  
46 Friedrich Engels: In Sachen Brentano kontra Marx wegen angeblicher Zitatsfälschung. In: MEW 22, S.  
161.  
47  
Cf. Engels an Laura Lafargue, 24. November 1886. In: MEW, Bd. 36, S. 572. Cf. auch Engels an  
Laura Lafargue, 2. November 1886. A.a.O. S. 565.  
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Quem escreveu o artigo Socialismo dos juristas?  
paralelos e analogias em termos de conteúdo e estilo com outras obras dos autores.  
A indexação das bibliotecas pessoais de Marx e Engels também pode auxiliar na  
determinação da autoria. Com base nesses princípios, uma hipótese é apresentada no  
MEGA-2 Volume I/31.  
Como citar:  
MERKEL-MELIS, Renate. Quem escreveu o artigo Socialismo dos juristas? Problemas  
para estabelecer a autoria na edição do Volume I/31 da MEGA-2. Trad. Murilo Leite  
Pereira Neto. Verinotio, Rio das Ostras, v. 29, n. 1, pp. 493-501; jan.-jun., 2024  
Verinotio  
ISSN 1981 - 061X v. 29 n. 1, pp. 493-501 jan.-jun., 2024 | 501  
nova fase