Conspiração, golpe de estado e ditadura bonapartista
Alfredo Buzaid e o Livro da verdade (1970)
Resumo
Este artigo busca compreender a articulação entre a atividade histórica de Alfredo Buzaid (1914-91) e sua ideologia autocrática, percorrendo seus anos formativos no integralismo pliniano, de início, e seu engajamento (concomitantemente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo) na conspiração do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipês). Seu acendrado anticomunismo cristão, aqui, é entrelido com as raízes jurídicas e os agentes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e, sobretudo, na função social cumprida historicamente como ministro da Justiça do general-presidente Emílio G. Médici (1969-74). Perseguindo os incriminados “inimigos internos” da autointitulada “revolução democrática
brasileira de 1964”, o jurista ideólogo de estado cogestou, consequentemente, o desmentido oficial dos crimes de lesa-humanidade da última ditadura bonapartista nacional, produzindo (sem nunca ter publicado) seu Livro da verdade (1970). Com fundamento nos lineamentos ontológicos da filosofia de Karl Marx, amparamo-nos naquilo avançado por J. Chasin na apreensão da ditadura militar (1964-85) como uma forma de bonapartismo brasileiro e entrelemos a visão de mundo buzaidiana propriamente bonapartista no contexto maior da Ideologia 1964, conforme Antonio Rago Filho, chamada a cumprir a função histórico-social de gestora do capital atrófico, no medicismo, “pela aliança de crescimento econômico
acelerado com terrorismo oficial”.
Palavras-chave: Alfredo Buzaid (1914-91); ideologia autocrático-burguesa; ditadura
bonapartista; crimes de lesa-humanidade; Livro da verdade.
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