Para uma arqueologia do sentimento estético

o papel da arte paleolítica na Estética de György Lukács

Palavras-chave: György Lukács, estética marxista, ontologia, arte pré-histórica

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir o papel da arte paleolítica na elaboração da Estética lukacsiana, bem como avaliar sua importância na definição de algumas categorias que caracterizam os últimos trabalhos do autor. Em um primeiro momento, estabeleceremos os referenciais teóricos para a compreensão da arquitetura categorial da obra e seus principais objetivos filosóficos. Em seguida, a partir da análise textual imanente dos capítulos em que o tema é tratado com maior profundidade, exploraremos definições como reflexo, antropomorfização, mimesis e vida cotidiana, a fim de identificar seus significados e nexos mais relevantes. Como veremos, o interesse de Lukács pela “gênese do estético”, em particular pelas pinturas rupestres franco-cantábricas, cumpriu a importante função de especificar a peculiaridade da atividade artística no processo de humanização do homem: sua cismundanidade e seu caráter evocador. Com base nos resultados obtidos, sugerimos que o destaque dado ao tema pode nos ajudar a solucionar algumas questões sensíveis em sua obra tardia, como o conflito entre seu projeto de “retorno a Marx” e o horizonte teórico-metodológico de seu tempo, em especial a tensão entre a inclinação ontológica de seu materialismo e as imposições estabelecidas pelo debate gnosiológico da época.

DOI: 10.36638/1981-061X.2022.27.2.629

Biografia do Autor

Leandro Candido de Souza

Graduado em ciências sociais (CUFSA), mestre em comunicação (ECA-USP), doutor em história (PUC-SP), pós-doutorado em história (UNESP-Assis).

Publicado
2022-03-20
Seção
György Lukács: 50 anos de sua morte