Da observação da natureza como apreensão do conhecimento na passagem do primeiro ao segundo humanismo renascentista

uma continuidade do debate iniciado por J. Chasin n’ O futuro ausente

  • Claudinei Cássio de Rezende Universidade Estadual Paulista
Palavras-chave: J. Chasin (1937-1998); Renascimento; filosofia da natureza; Ernst Cassirer (1874-1945); Nicolau de Cusa (1401-1464); Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494).

Resumo

Num ensaio inacabado de J. Chasin, intitulado O futuro ausente, o filósofo busca traçar a noção de politicidade do mundo Antigo ao mundo contemporâneo – embora interrompa seu material em Hobbes. Uma das questões suscitas por Chasin envolve a discussão sobre o apreço da natureza objetiva em contrapartida a uma forma idealizada da vida contemplativa, portanto, da filosofia moral do trecento ao quattrocento renascentistas. Tendo como ponto de partida a elaboração de Chasin, este artigo avança sobre a história das polêmicas médica e astrológicas que tomaram forma no universo renascentista. Se, por um lado, Ernst Cassirer elabora uma tese sobre a originalidade de Nicolau de Cusa, por outro, deixa passar um aspecto primordial quando contrapõe sua filosofia à de Pico: o embate sobre a polêmica astrológica nasce no bojo da discussão do livre-arbítrio, portanto, da tentativa de impugnação da astrologia divinatória por considerá-la uma teleologia da natureza que se contrapunha teleologia teológica. Não obstante a inexistência de uma ruptura epistemológica proposta por Cassirer, o desenvolvimento da filosofia renascentista atestou a luta contraditória pela observação empírica da realidade.

Biografia do Autor

Claudinei Cássio de Rezende, Universidade Estadual Paulista

Doutor em Ciências Sociais pela Unesp. Professor de História na Cogeae PUC-SP e de Arte Clássica no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Publicado
2023-02-18
Seção
Dossiê: 30 anos do Futuro Ausente